Rio - Uma megaoperação para prender traficantes de outros estados, na Rocinha, na Zona Sul, deixou um suspeito morto, um homem ferido e dois criminosos presos. A comunidade sofreu com o clima de tensão desde a madrugada desta terça-feira (17), quando houve intensa troca de tiros. A ação conjunta com o Ministério Público do Rio (MPRJ) contou com a presença de cerca de 400 policiais militares, veículos blindados, viaturas e helicóptero. Cerca de 700 kg de drogas foram apreendidas.
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Segundo relatos, criminosos soltaram fogos para alertar sobre a chegada dos policiais à região e vídeos mostram a movimentação dos agentes. Em um deles, um homem diz que veículos não estavam conseguindo subir a comunidade e voltando de ré. Confira abaixo.
De acordo com a Polícia Militar, bandidos atiraram contra as equipes durante a operação e houve confronto. Após os disparos, os PMs identificaram cápsulas de diversos calibres, inclusive de metralhadora antiaérea ponto 50.
Ainda segundo a corporação, depois do conflito, os agentes encontraram um homem baleado e já sem vida. A reportagem do O DIA apurou que o suspeito morto é Vitor dos Santos Lima. Conhecido como Playboy, ele é apontado como principal segurança de John Wallace da Silva Viana, o Johny Bravo, chefe do tráfico de drogas da Rocinha. A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) foi acionada e as investigações estão em andamento para esclarecer os fatos.
Um homem, que não teve a identidade revelada, deu entrada ferido na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Rocinha. De lá, ele foi transferido para o Miguel Couto, onde foi atendido e já recebeu alta.
Dois homens com mandado de prisão em aberto, sendo um deles por tráfico de drogas, foram presos. Ainda de acordo com a PM, equipes do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) apreenderam uma réplica de fuzil, um carregador, 45 munições de fuzil modelo AK-47, uma granada lacrimogênea, cerca de 400 kg de maconha prensada, mil trouxinhas da mesma erva, 35 kg de cocaína, 10 placas balísticas de cerâmica e duas capas de coletes, na localidade da Dionéia. Também foi localizada uma estufa com 20 pés de maconha sendo cultivados.
Equipes do #BOPE localizaram uma estufa utilizada para produção de maconha, há pouco, durante ação realizada na parte alta da Comunidade da #Rocinha. A operação, em conjunto com o @MP_RJ, segue em andamento. pic.twitter.com/9LNaO73PMy
Já os policiais do Batalhão de Ações com Cães (BAC), com o auxílio dos cães Djoco, Tati e Ímpar, localizaram cerca de 200 kg de drogas (maconha, skank e cocaína) na mesma localidade da Dionéia.
As ocorrências foram apresentadas na Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA), na Cidade da Polícia.
Ação mira traficantes do Ceará e Goiás
De acordo com o MPRJ, a operação ocorreu em apoio à Polícia Civil do Ceará e teve como alvos integrantes da facção Comando Vermelho do Ceará, que estariam escondidos na região. Criminosos de Goiás também estavam entre os alvos. As equipes foram às ruas cumprir 34 mandados de prisão e outros nove de busca de apreensão.
A ação foi coordenada pelo Comando de Operações Especiais (COE) e realizada por PMs dos Batalhões de Operações Policiais Especiais (Bope), de Polícia de Choque (BPChq), de Ações com Cães (BAC), Tático de Motocicletas (BTM) e o Grupamento Aeromóvel (GAM).
Houve ainda atuação de equipes de Grupamentos de Ações Táticas de 11 batalhões e do Grupamento Especial de Salvamento e Ações de Resgate, com apoio de uma ambulância blindada. Também participaram a Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI/MPRJ) e o Grupo de Atuação Especializada no Combate ao Crime Organizado (GAECO/MPRJ).
Operação afeta rotina de moradores
Por conta da operação, a Secretaria Municipal de Educação (SME) informou que oito unidades escolares foram impactadas. De acordo com a Secretaria de Estado de Educação (Seeduc), uma escola da rede estadual precisou ser fechada na região.
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), a Clínica da Família (CF) Maria do Socorro acionou o protocolo de acesso mais seguro e suspendeu o funcionamento. Já a CF Rinaldo De Lamare mantém o atendimento à população, mas as atividades externas realizadas no território, como as visitas domiciliares, estão suspensas.
Nas redes sociais, moradores relataram que ficaram sem energia elétrica em partes da comunidade. Em nota, a Light informou que o acesso está bloqueado devido à operação policial e que as equipes estão aguardando a liberação para poderem atuar no local com segurança.
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