Rio de Paz faz ato na praia de Copacabana em memória a crianças vítimas da violênciaReginaldo Pimenta/Agência O DIA
"Natal a gente não festeja mais, a gente até faz algumas coisas porque tem outras crianças na família e a gente sabe que é o nascimento de Jesus e respeitamos isso, mas para a gente, particularmente, não tem mais graça. "A violência só piora a cada dia que passa. Eu nem gosto de assistir televisão de manhã porque todo dia tem uma criança baleada, um jovem baleado, um pai de família morto, é muito complicado. Eu não consigo assistir TV por causa da violência com inocentes, principalmente de policiais que chegam nas comunidades atirando sem saber, não quer saber se acerta mãe, pai, familiar e fica por isso mesmo, o que é o pior", lamentou.
Em relação à morte das meninas, no início do mês, a Defensoria Pública do Rio de Janeiro pediu ao Ministério Público a reabertura do inquérito policial. O pedido se baseia em novas provas técnicas obtidas com o apoio do Projeto Mirante e, de acordo com o órgão, "busca corrigir graves inconsistências nas investigações iniciais, reforçando a hipótese de que o disparo fatal tenha partido de dentro de uma viatura policial".
À imprensa, Lídia reforçou o desejo de Justiça. "A gente tem esperança, eles só têm que assumir o que eles fizeram, assumir que estão errados. Nossa polícia está doente, eles não têm mais filtro, fazem o que querem. As meninas morreram brincando na rua de casa, não tinha confronto, foi um tiro nas meninas, um silêncio e pronto. Eles entram sem respeito por ninguém, atirando sem eira e nem beira. Eu só quero justiça, que o estado assuma o que fez. Enquanto eu tiver vida e saúde para lutar por elas, eu vou lutar. Uma criança não tem direito de brincar na porta de casa?", questionou.
Segundo a ONG, 48 crianças e adolescentes foram mortos por armas de fogo no estado entre 2020 e 2024. Uma árvore de Natal com bolas com cruzes foi colocada entre as imagens das vítimas que morreram no período.
"Esse é um ato de repúdio às mortes de meninos e meninas pobres por bala perdida no estado do Rio. Entre 2007 e 2024, 115 crianças tiveram a vida interrompida […] Por que não temos reformas das nossas polícias? Por que não temos políticas públicas nas nossas favelas? Por que a autoria desses crimes não são elucidados? Qual nação livre e desenvolvida conseguiria conviver com essas mortes como nós povos brasileiros conseguimos? Isso é uma vergonha para nossa geração", declarou o fundador da ONG Rio de Paz, Antônio Carlos Costa.
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