Flávio da Silva Santos, presidente da Mocidade, foi alvo de operação do GaecoArquivo/Agência O Dia
Presidente da Mocidade tinha fotos de Marcos Falcon morto no celular, aponta investigação
Flávio da Silva Santos, braço direito de Rogério de Andrade, voltou a ser alvo do MPRJ nesta quarta-feira (18)
Rio - Em liberdade há dois meses, o presidente da Mocidade Independente de Padre Miguel, Flávio da Silva Santos, voltou a ficar na mira do Ministério Público do Rio (MPRJ), nesta quarta-feira (18). Segundo as investigações do Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado do MPRJ (Gaeco), Flávio, braço direito do bicheiro Rogério Andrade, tinha ao menos duas fotos do corpo do candidato a vereador e presidente da Portela, Marcos Falcon, feitas logo após o assassinato.
Outra imagem armazenada pelo presidente da Mocidade, de acordo com as investigações, era de uma urna eletrônica exibindo o número de campanha e a foto da vítima, já morta quando ocorreram as eleições. Também foram encontrados prints de mensagens suspeitas com o policial militar Anselmo Dionísio das Neves, conhecido como Peixinho, denunciado pelo Gaeco por fraude processual, em agosto de 2023. De acordo com os Promotores, Anselmo interferiu na investigação do homicídio de Marcos Falcon, retirando um dos celulares da vítima do local do crime.
As provas foram encontradas no celular do presidente da Mocidade em outubro deste ano, durante a Operação Fissão, deflagrada contra investigados por participação no assassinato de Fábio Romualdo Mendes. Na ocasião, Flávio foi preso depois de jogar uma arma calibre 40, de uso restrito, pela janela de seu apartamento, quando agentes da Polícia Civil e do MPRJ chegavam para cumprir mandado de busca e apreensão. No entanto, ele foi solto sete dias depois por meio de relaxamento de prisão.
Nesta quarta-feira (18), investigadores do MPRJ voltaram a cumprir buscas e apreensões na casa de Flávio na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. O segundo alvo da ação é o policial militar lotado no 18º BPM (Jacarepaguá), Fábio da Silva Cavalcante. Foram apreendidos dois aparelhos de celular, uma pistola 9mm e munições, cinco talões de cheques, cinco anéis, dois cordões, quatro cartões de crédito, um relógio, um bloqueador de sinais, um veículo Dodge RAM e documentos.
O Gaeco apontou um elo entre o presidente da Mocidade e o PM, que teria sido um dos responsáveis pela tomada dos negócios deixados por Marcos Falcon após sua morte, em especial do chamado 'Campo do Falcon'.
Dentre as motivações do crime contra Falcon estão: a rivalidade entre as escolas de samba representadas por cada um; o assassinato, em 2016, de Geraldo Antônio Pereira, amigo próximo de Falcon e inimigo de Rogério de Andrade; a suspeita de que Falcon teria participado de um atentado a bomba que matou um dos filhos de Rogério; e a possibilidade de Falcon e Geraldo Pereira estarem planejando matar o próprio Rogério estão entre as razões apontadas na investigação.
Flávio Mocidade, braço direito do bicheiro Rogério de Andrade
A ligação entre Flávio Mocidade, como é conhecido na agremiação, e Rogério é demonstrada na representação do Gaeco à Justiça. De acordo com os Promotores de Justiça, o presidente da Mocidade é considerado braço direito do bicheiro. A relação entre os dois começou dentro da própria escola de samba, já que Rogério Andrade é tido como presidente de honra da agremiação.
Alvos de investigações sobre homicídios, eles foram presos no mesmo mês, por crimes distintos. O contraventor Rogério Andrade, foi preso pela morte de Fernando Iggnácio no dia 29 de outubro. A vítima e o denunciado são, respectivamente, genro e sobrinho de Castor de Andrade, um dos maiores chefes do jogo do bicho no Rio, que morreu em 1997, e disputavam os pontos do jogo do bicho. No dia 12 de outubro, ele esteve na quadra da escola para participar da escolha do samba-enredo do Carnaval de 2025.
Pouco antes, no dia 9 de outubro, Flávio da Mocidade foi preso pela morte de Fábio Romualdo Mendes, mas solto sete dias depois.
A reportagem não conseguiu contato com o Carlos Lube, defesa de Flávio Mocidade, e nem do PM Fábio da Silva. O espaço está aberto para manifestações.
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