Adilson Oliveira Coutinho Filho, o AdilsinhoDivulgação

Rio - A Polícia Civil pediu a prisão preventiva de Adilson Oliveira Coutinho Filho, o Adilsinho, suspeito de mandar matar o miliciano Marco Antônio Figueredo Martins, o Marquinho Catiri, e seu comparsa, Alexsandro José da Silva, o Sandrinho. O contraventor é considerado foragido.
O crime aconteceu na comunidade da Guarda, na Zona Norte, em 2022. Um mandado de prisão temporária contra Adilsinho já havia sido emitido em novembro, mas ele não foi localizado. A suspeita é de que o contraventor tenha deixado o Brasil.
Segundo a Polícia Civil, o homicídio foi motivado por uma disputa na contravenção. Catiri, que controlava a milícia que atua em comunidades de Del Castilho e Inhaúma, na Zona Norte, estava ligado ao rival de Adilsinho, Bernardo Bello, também foragido.
Organização criminosa
Após a morte de Marquinho Catiri, Adilsinho assumiu o controle da região. De acordo com a Polícia Civil, a organização criminosa liderada por ele foi responsável por uma série de homicídios ao longo dos anos, todos ligados a disputas pela exploração ilegal de cigarros e jogos de azar.
O crime mais recente atribuído ao grupo foi a execução do empresário Antônio Gasparzianne Mesquita Chaves, de 33 anos. Ele foi morto a tiros em Vila Isabel, na Zona Norte do Rio, próximo ao Bar Parada Obrigatória, estabelecimento no qual era dono.
As investigações indicam que o empresário foi assassinado pelo grupo de Adilsinho após ser acusado de desviar dinheiro das máquinas caça-níqueis instaladas em seus bares, que pertenciam à organização que controla a área.
Quem é Adilsinho? 
Dono de uma distribuidora de cigarros e charutos, Adilsinho foi apontado como líder de um grupo que monopolizou a venda de cigarros em diferentes pontos da Região Metropolitana. Investigações apontam que entre setembro de 2019 e fevereiro de 2020 o bando obteve um lucro de mais de R$ 9 milhões.
O contraventor também foi alvo de operação da Polícia Federal para desmantelar uma organização criminosa armada e transnacional especializada em comércio ilegal de cigarros. Segundo dados dos investigadores, a quadrilha já teria sonegado cerca de R$ 2 bilhões em impostos.
Em agosto do ano passado, agentes da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) realizaram uma operação para cumprir mandados de prisão e de busca e apreensão contra Adilson e outros envolvidos na morte de Catiri.
Os policiais da especializada realizaram buscas para prender o PM Rafael do Nascimento Dutra, conhecido como Sem Alma, lotado no 15º BPM (Duque de Caxias). Ele não foi encontrado.
José Ricardo Gomes Simões foi preso na orla da praia da Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, a partir da troca de informações com a Polícia Rodoviária Federal. Já em dezembro de 2022, George Garcia de Souza Alcovias foi preso no município de Francisco Morato, em São Paulo. Contra os dois foram cumpridos mandados de prisão preventiva.
Relembre a morte
Marquinho foi assassinado no dia 19 de novembro de 2022 enquanto saía de uma casa na comunidade da Guarda, em Del Castilho, na Zona Norte do Rio. Segundo a DHC, seis homens alugaram um imóvel próximo onde o alvo estava, realizaram uma emboscada e atiraram contra ele.
O miliciano foi socorrido e encaminhado ao Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, mas não resistiu. Na época, policiais estiveram no local do crime e apuraram que a execução ocorreu no momento em que Catiri estava saindo ou entrando em uma academia de musculação, da qual era o dono e teria sido montada no local para o seu uso exclusivo.
Lá, os agentes identificaram o imóvel, localizado na Rua Pedro Borges, com ampla visão para onde os milicianos se encontravam, que foi utilizado pelos autores do crime como base para o ataque. Além disso, eles realizavam vigilância sobre a vítima principal utilizando um drone para mapear a comunidade. 
Quem era o miliciano

Marquinho Catiri era líder de um grupo paramilitar que age nas Zonas Norte e Oeste do Rio. A milícia comandada por ele atua em Padre Miguel, Del Castilho, Engenho de Dentro e nas comunidades Águia de Ouro, Guarda, Fernão Cardim, Belém-Belém, e outras vizinhas.
A favela do Catiri, em Bangu, é reduto principal do grupo. Ainda segundo as investigações, Catiri era braço direito do contraventor Bernardo Bello. O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) realizou uma operação para prender o bicheiro no último dia 27, mas não o encontrou.
Em novembro do ano passado, a Polícia Federal obteve um áudio enviado por Catiri ao contraventor. Na gravação, os dois aparentavam ter uma forte ligação. Nas mensagens, Marquinho afirmava que estava gerindo e mantendo todo o negócio enquanto Bernardo estava afastado. Além disso, agradecia a confiança por "colocá-lo em seu negócio".
O miliciano também passava o panorama de como está a situação da organização criminosa, a qual se referiam como "empresa". Ele também contava que intensificou a segurança pessoal porque inimigos estariam oferecendo milhões de reais para quem conseguisse matá-lo.
O áudio enviado por Marquinho Catiri também revelou um suposto esquema de corrupção envolvendo policiais civis e os contraventores. O miliciano afirmou que fazia pagamentos e reuniões com agentes de segurança pública.