Simões foi preso na orla da Praia da Barra, na Zona OesteDivulgação

Rio - A Polícia Civil prendeu José Ricardo Gomes Simões, segundo suspeito de executar o miliciano Marquinho Catiri, e seu braço direito, Alexsandro José da Silva, o Sandrinho. O crime ocorreu em novembro de 2022. Segundo as investigações, o suspeito integra uma organização criminosa voltada para a prática de homicídios mercenários. Ele foi localizado neste domingo (12) na orla da Praia da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio.

Marco Antonio Figueiredo Martins, o Marquinho Catiri, era líder de um grupo paramilitar que age nas Zonas Norte e Oeste do Rio. Eles atuam em Padre Miguel, Del Castilho e no Engenho de Dentro e nas comunidades Águia de Ouro, Guarda, Fernão Cardim, Belém-Belém, além de algumas vizinhas. A favela do Catiri, em Bangu, é reduto principal do grupo paramilitar. Ainda segundo as investigações, Catiri era braço direito do contraventor Bernardo Bello, que foi alvo de operação do Ministério Público na semana passada, mas continua foragido.


Ainda de acordo com a Polícia Civil, contra Simões havia um mandado de prisão expedido pela 1ª Vara Criminal da Capital. Ele localizado na orla da Barra da Tijuca, à partir da troca de informações com a Polícia Rodoviária Federal. No interior de seu veículo foram localizadas duas armas de fogo, sendo uma pistola e um revólver. Além de oito celulares e uma carteira de identificação de um policial militar. Ele deve responder por dois crimes: homicídio qualificado e porte ilegal de arma de fogo. As investigações continuam em busca do mandante do crime.
Material apreendido no interior do carro de Simões - Divulgação
Material apreendido no interior do carro de SimõesDivulgação


Em dezembro, os agentes prenderam outro participante do assassinato, George Garcia de Souza Alcovias. Investigações evidenciaram ainda que logo após o crime, o suspeito fugiu para o município de Francisco Morato, em São Paulo, onde foi localizado e preso por policiais da DHC, com o apoio de Policiais Civis lotados na Delegacia de investigações sobre entorpecentes (DISE) de Franco da Rocha. Foi apurado também que a organização criminosa pretendia mandar George para o Paraguai, reduzindo assim a possibilidade de ser localizado.

O crime

De acordo com a Delegacia de Homicídio da Capital, no dia do crime, pelo menos seis homens alugaram uma casa próxima à casa de Marquinhos Catiri, na comunidade da Guarda, em Del Castilho, na Zona Norte, e fizeram uma emboscada e houve troca de tiros. A vítima chegou a ser levada com vida ao Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, Zona Norte, mas não resistiu aos ferimentos.

Policiais estiveram no local e apuraram que a execução ocorreu no momento em que a Catiri estava saindo ou entrando em uma academia de musculação, da qual era o dono e teria sido montada no local para o seu uso exclusivo.

Lá, os agentes identificaram o imóvel, localizado à Rua Pedro Borges, com ampla visão para onde os milicianos se encontravam, que foi utilizado pelos autores do crime como base para o ataque. Além disso, eles realizavam vigilância sobre a vítima principal, utilizando um drone para mapear a comunidade.

No interior da casa, a perícia recolheu 58 estojos de fuzil, deflagrados, sendo 21 estojos de calibre 762 x 51 e 37 estojos de calibre 762 x 39 em. Durante o ataque os autores, além de fuzis, também utilizaram granadas, sendo uma delas apreendida e detonada pelo Esquadrão antibombas da Polícia Civil.

Ligação com Bernardo Bello

Em novembro do ano passado, a Polícia Federal obteve um áudio enviado por Catiri ao bicheiro Bernardo Bello. Nele, os dois aparentavam uma forte ligação.

Nas mensagens, Marquinho afirmava que estava gerindo e mantendo todo o negócio enquanto Bernardo estava afastado. Além disso, agradecia a confiança por "colocá-lo em seu negócio".

"Eu e minha família, pouco tempo que nos conhecemos, gostamos muito de você e da sua família. Você mostrou ser uma pessoa muito leal, verdadeiro, para a gente. A gente firmou uma amizade. Também agradeço pela confiança que você teve em mim, de me botar dentro da sua casa, da sua família, dentro do seu negócio", disse.

O miliciano também passava o panorama de como está a situação da organização criminosa, a qual se referiam como "empresa". Ele também contava que intensificou a segurança pessoal porque inimigos estariam oferecendo milhões de reais para quem conseguisse matá-lo.

O áudio enviado por Marquinho Catiri também revelou um suposto esquema de corrupção envolvendo policiais civis e os contraventores. O miliciano afirmou que fazia pagamentos e reuniões com agentes de segurança pública.