Alice Fontenelle, Ayala Rossana, Diego Mendes, Fátima Amada, Priscila Manso, e tantos outros nomes e sobrenomes comuns que vemos pela vida afora passam batido por aí, mas o que você, caro leitor, com certeza, não sabe é o coração enorme que essas pessoas têm. Elas doam seu tempo, sua energia e alegria para crianças, idosos, doentes e pessoas com deficiências e até o seu trabalho como é o caso da atriz Julia Pastore, que vive da sua arte, mas que se apresenta voluntariamente quando é solicitada. Todos são incansáveis na arte de fazer o bem.
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Quem não se lembra do motoboy Diego Mendes? De generosidade ímpar, ele foi muito sagaz e conseguiu levar o menino Davi, vítima de um acidente de ônibus em São Cristóvão, para o hospital, e ainda voltou para pegar o braço dele arrancado a fim de que fosse possível fazer um reimplante. A operação foi um sucesso e, por conta do seu gesto, o mototaxista vem recebendo prêmios merecidos por sua bravura e consciência como um dos cariocas do ano.
O engajamento com o bem é tanto que cada vez mais pessoas entram para este grupo e essa corrente positiva aumenta, mostrando que a palavra solidariedade deve ser exercida sempre. Veja o depoimento de quem vive de ajudar o próximo, fazendo o bem sem olhar a quem.
PROFESSORA APOSENTADA ALICE FONTENELLE, 76 ANOS
"Sou professora de matemática aposentada da prefeitura do Rio, onde trabalhei durante 35 anos. Desde a minha época de mocinha, com 23, 24 anos, eu sempre gostei muito de ajudar os meus semelhantes. Eu era uma pessoa muito pobre, com muitas dificuldades, então não tinha o suficiente. Do momento que eu melhorei, aí eu também fui aumentando as minhas doações. Conseguimos fazer obras numa creche em Parada Angélica. São 45 crianças que não tinham nada. Era um barraco, tudo caindo. Fiz campanha, fiz... não, fizemos, né? Porque eu faço com os amigos e conseguimos botar a creche muito bonitinha e dar tudo o que foi possível para aquelas crianças. Faço parte do grupo do Solar Bezerra de Menezes e estou ajudando a uma creche em Cascadura também. A creche é muito boazinha, muito simples, mas necessitam de ajuda. São criancinhas dóceis. E gosto muito também de ajudar a Aliança dos Cegos, na 24 de maio. Desde que eu me entendo como gente, eu sempre ajudei a Aliança dos Cegos. Quando eu não podia levar recursos materiais, eu ia lá conversar, fazer leitura para eles, sempre tirava uma meia hora, uma hora para ficar lá com eles. Esse ano também terá confraternização. A gente faz um lanche, eu levo música, eles tocam. É um momento de alegria, para mim principalmente. E eles gostam demais. Eu me sinto muito agradecida. Ajudar o semelhante é a coisa mais maravilhosa que possa existir na face dessa terra. Se todas as pessoas sentissem como é bom, como você se sente aliviado, em sair do local que você ajudou com alma limpa, todos ajudariam. Então, são momentos indizíveis que todos nós, quando fizermos, vamos sentir o quanto é bom".
PRODUTORA E ATRIZ AYALA ROSSANA, 51 ANOS
"Há cinco anos ajudo um abrigo de meninos na Zona Norte do Rio de Janeiro. No domingo (15 ) fizemos uma festa de Natal para eles, com direito a bolo, pizza, e Papai Noel distribuindo os presentes. Como artista sempre gostei de fazer projetos que tivesse um lado social, pois é muito importante. Acredito que agregamos muitos valores quando estamos nos doando para fazer com que a vida de outras pessoas tenha uma movimentação mais alegre, mais feliz. Faço pelas crianças, pelos adolescentes, pelos jovens. Levamos amor, carinho e atenção. A gente leva o café da manhã, a gente leva o almoço, mas, na maioria das vezes, o que eles querem é a nossa presença, nossa atenção, é aquele momento em que a gente pode sentar com eles e jogar, montar o quebra-cabeça com eles, conversar com eles. Esse voluntariado traz um acalanto para a gente também. Acho que ganhamos muito mais do que doamos. Trata-se de uma doação espontânea A gente vai porque sentimos a necessidade de estar ali nos doando. Temos que ser gratos. A gente tem tanta coisa que nem precisa e nem usa. Pegar um pouco do nosso tempo para abençoar outras pessoas é muito bom. Eu gosto muito de estar com os 20 meninos entre 10 e 17 anos. No início era só eu e uma amiga e agora várias pessoas vão. Então, vira um grande coletivo de pessoas que se mobilizam muito para fazer com que a história de pessoas que não têm, às vezes, a mamãe, que não têm papai, que não têm uma família, ganhem esses laços assim, porque acho importante que a gente tenha comprometimento emocional com as pessoas. Se eu pudesse ajudaria 150 abrigos porque sempre descubro lugares que precisam. Tenho comprometimento com esse abrigo, porque tem 20 meninos que já me conhecem. Alguns são adotados ou voltam para a família, mas outros não. Também tenho um grupo de Formação de Plateia, Caixa Preta Produções Artísticas (@pretacaixa), que em parceria com a ONG Procomece (@procomece), pessoas vão ao teatro de forma gratuita. Tem gente que nunca foi e fica muito feliz".
MOTOBOY DIEGO MENDES, 32 ANOS
"Essa questão de ser solidário vem de família, minha mãe sempre tentou ajudar as pessoas, nas horas que elas mais precisavam. Não sei como explicar, mas é um instinto, não consigo ver uma pessoa precisando de ajuda e ficar só olhando, já ajudei muitas pessoas e vou continuar fazendo isso, porque me motiva a ser um ser humano melhor. Eu já parei em quatro acidentes que vi para saber se alguém precisava de ajuda, nem que fosse para falar com um familiar. No dia do desastre com o ônibus não foi diferente. Parei tudo o que eu estava fazendo para socorrer essa criança. Quando eu vi, ele estava sem braço. A única coisa que veio na minha cabeça foi ajudar aquele menino. Acredito que Deus tenha me colocado naquele lugar. Eu botei ele e a mãe dele na moto e fui correndo para o hospital. Tive que voltar a pedido da própria criança para encontrar o cachorrinho dele. Quando voltei vi que o braço dele estava lá. Então os bombeiros me passaram essa missão de levar o braço dele de volta para o hospital e graças a Deus um dos melhores cirurgiões conseguiu fazer a operação e hoje ele está com o braço reimplantado, está se recuperando. Ano que vem quero ver seu eu ajudo mais em algum projeto social. Tem uma comunidade aqui perto de casa, no Rio Comprido, que as crianças precisam muito. É um sonho meu. Estou procurando pessoas que queiram fazer isso também".
APOSENTADA FÁTIMA AMADA, 70 ANOS
"Há 25 anos, desde que me aposentei, vou a asilos, orfanatos, hospitais e abrigos com a Clínica da Alegria, que conta com 12 pessoas, entre elas engenheiros, advogados e médicos. A gente se veste de palhacinhos e as pessoas adoram, a maioria me chama de Tia Amada. No início de dezembro fomos num orfanato com 90 crianças. Comecei esse trabalho de voluntariado no asilo Cristo Redentor, em São Gonçalo, que fechou e os internos foram divididos em outras casas de repouso. Passei a procurá-los e encontrei alguns. Eles choram querendo voltar para 'casa' Também me dá vontade mas eu me seguro as lágrimas. Nunca choro na frente de ninguém. Eu também tenho buscar apadrinhamento (quando crianças recebem roupa, brinquedo e sapato). Neste ano consegui padrinhos para 320 crianças e fiquei muito feliz. Isso é que ajudar sem olhar a quem, eu não conheço nenhuma criança. Também ajudo camelôs dando um carrinho de compras e distribuindo cesta básica ou para eles ou na igreja, sempre para quem precisa. Acho que essa veia de ajudar vem da minha mãe, Ercília (dona Zizinha). Ela era rezadeira e eu fiz teologia e hoje sou missionária. Em pequena, minha mãe tinha que passar cadeado nas minhas coisas porque eu queria dar tudo. A cada manhã é uma renovação. Tenho muito prazer em ajudar a todos que precisam. O amor que eu tenho é muito grande, não cabe no meu peito. O que eu puder fazer pelo próximo eu irei fazer".
ATRIZ, PRODUTORA E PROFESSORA DE TEATRO PRISCILA MANSO, 53 ANOS
"Nós somos um grupo de amigos que atua na área da arte. Em 2021 decidimos nos unir, para levar presentes e um pouco da magia do Natal para crianças em áreas desfavorecidas, surgindo assim, o "Natal Da Arte". Hoje, em 2024 completamos o quarto ano de campanha e estamos crescendo graças a ajuda de muitos amigos. Cada um doa o que pode! Ludoviko Vianna é nosso Papai Noel oficial, Sofia Manso é a criadora de nossas logos e artes, Oahinni Sabbas, Wagner Souza, Giovanni Ferreira, Dener Spalla e Marina Dib fazem parte dessa equipe e não medem esforços para fazer acontecer. Esse ano, além de presentes, também apresentamos teatro infantil Os Pequenos Guardiões da Terra, com temática ambiental de sustentabilidade, diversidade, respeito e amizade. Apresentamos em escolas, creche Municipal Nosso Cantinho, Fundação Leão XIII e também na comunidade de Para Pedro, no Irajá. Acreditamos que podemos transformar através "Da Arte" (@da.artee), do amor e da solidariedade e não tenho dúvidas que essa transformação é uma via de mão dupla, uma troca. Sempre recebemos muito acolhimento, carinho e abraços e retornamos com os corações satisfeitos e certos de que queremos continuar nesse caminho e poder levar nosso projeto a mais localidades".
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