Tragédia na véspera de Natal abalou família de Juliana Leite RangelReginaldo Pimenta/Agência O Dia

Rio - O Procedimento Investigatório Criminal instaurado pelo Ministério Público Federal (MPF) vai analisar se houve tentativa de homicídio por parte dos agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no caso da jovem Juliana Leite Rangel. Ela foi atingida por um tiro de fuzil na cabeça, na Rodovia Washington Luiz (BR-040), em Duque de Caxias, na noite de véspera de Natal.
Em entrevista ao DIA, nesta quinta-feira (26), o Procurador da República Eduardo Benones disse que já foram expedidos ofícios ao Superintendente da PRF para que as viaturas e armas usadas na ocorrência fossem recolhidas para perícia, além do afastamento dos policiais. Também foi solicitado imagens da BR-040, entre 20h e 22h.
"Inicialmente, a linha de investigação será direcionada para tentativas de homicídio. Hoje vamos estudar a necessidade de novas medidas, inclusive judiciais. O Núcleo de Controle Externo da atividade policial lamenta mais essa ação com disparos de armas de fogo contra pessoas em plena via pública", disse. 
O procurador relembrou, ainda, o caso da menina Heloísa dos Santos Silva, de 3 anos, que morreu baleada por agentes da PRF no Arco Metropolitano, na altura de Seropédica. O caso aconteceu em setembro de 2023. "A expectativa era a de que a morte da menina Heloísa em 2023 tivesse causado impacto suficiente. Infelizmente, não. Mas as investigações prosseguirão e esperamos em breve levar mais este caso à Justiça Federal", disse Benones.
A Polícia Rodoviária Federal informou, na quarta-feira (25), que afastou preventivamente os agentes que balearam a jovem.
O crime
Juliana foi atingida na cabeça por um tiro de fuzil, na Rodovia Washington Luiz (BR-040). A vítima passava pela via, quando o veículo em que estava com a família foi alvo de disparos. Em um vídeo que circula nas redes sociais, o pai da jovem, que dirigia o veículo, afirma que os tiros partiram de agentes da PRF. Segundo a mãe de Juliana, os agentes atiraram mais de 30 vezes contra o carro da família. Dayse Rangel ainda contou que os policiais ficaram desesperados após perceberem que atingiram a jovem.
Em depoimento, os policiais alegaram que ouviram tiros e pensaram que tinham sido disparados de dentro do carro do pai da Juliana, mas depois reconheceram que cometeram um grave equívoco. Os agentes admitiram que atiraram contra o veículo da família.
Além da jovem e a mãe, estavam no carro o pai da vítima, um outro filho do casal e a mulher dele. A família saiu de Belford Roxo e seguia para a casa de uma irmã de Juliana, em Niterói, onde celebrariam o Natal. Ainda de acordo com Dayse, os agentes da PRF não prestaram socorro.
Estado de saúde da vítima é gravíssimo
O estado de saúde da jovem Juliana Leite Rangel, de 26 anos, baleada na cabeça por agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF), segue gravíssimo. A paciente está internada no CTI do Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes (HMAPN) desde a noite de véspera de Natal.
De acordo com o boletim médico divulgado na noite desta quinta-feira (26), Juliana está instável, entubada e acompanhada por equipe multidisciplinar. "A paciente mantém o quadro gravíssimo e sem previsão de alta", disse a unidade de saúde.