Francisco de Assis Ricardo de Almeida morava no Rio há um ano e quatro mesesReprodução/TV Globo
Familiares estiveram no Instituto Médico Legal (IML) Afrânio Peixoto, no Centro, neste sábado (11), e contaram que Francisco estava com um grupo na frente da igreja, colocando as malas em um carro, que partiria para o ponto de encontro do retiro. Segundo eles, os membros usavam roupas pretas e um veículo que vinha de dentro da comunidade passou atirando, mas só o auxiliar acabou sendo atingido, no peito.
O Catiri vive uma disputa territorial entre bandidos do Comando Vermelho da Vila Kennedy e milicianos, marcada pela violência. De acordo com família do homem, moradores relataram que os traficantes proibiram o uso de roupas pretas na região, por ser uma cor usada pelos criminosos rivais. Além disso, sexta-feira seria o dia em que os paramilitares circulam pela comunidade recolhendo taxas ilegais de segurança.
"Confundiram ele com um miliciano porque ele estava usando uma blusa preta. Fiquei sabendo ontem que não pode usar preto, porque como os milicianos usam preto e final de semana é cobrança, sexta-feira, eles passaram lá atirando. É tudo inacreditável, estou sem palavras, é muito difícil de falar", desabafou uma prima, que preferiu não se identificar.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, o quartel de Ricardo de Albuquerque foi acionado às 20h35, mas os militares encontraram Francisco já sem vida, na Rua Capão Bonito, na altura do número 415. O 14º BPM (Bangu) também esteve no local e isolou a área para a perícia. As investigações estão em andamento na Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) para apurar a autoria e a motivação do crime.
Segundo a prima, Francisco era dedicado ao trabalho e à igreja. "Era um 'cara' trabalhador, gostava de ajudar as pessoas, muito bom de coração. Não era de farra, não era de noite, era trabalho, casa, igreja". O corpo do homem deve ser levado para Bahia, onde será sepultado. Abalada, ela disse não acreditar que haverá justiça para a morte do auxiliar.
"Nem vou pedir, porque eu sei que a justiça no Rio, no Brasil, é muito devagar e não vai trazer meu primo de volta. A gente vive mais com os bandidos do que a própria Justiça. Eu acho que vou ser a primeira pessoa dando entrevista que não vai pedir justiça, porque não tem. Ninguém respeita a gente, ninguém respeita o trabalhador, saem atirando, saem mandando. E, sendo muito sincera, acho que os bandidos mandam mais do que os policiais. É mais um caso", lamentou.
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