O caso é investigado na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi)Renan Areias/Agência O Dia

Rio - A Polícia Civil investiga comentários racistas feitos contra uma passista mirim da Portela, de apenas 8 anos, nas redes sociais, após um ensaio no domingo (12). Em um vídeo no qual a vítima aparece sambando ao lado de outras crianças, um perfil comentou que a "menina caucasiana" deveria estar dançando na frente. O termo se refere a uma jovem branca que aparece atrás da passista.
"Não, não, não. Está tudo errado... Para tudo! A menina caucasiana tem que dançar na sua frente. Vai para trás dela para já ir se acostumando", escreveu o usuário na publicação no Facebook. Um outro comentário também atacou a menina, afirmando que ela não saberia uma conta de multiplicação.
Nesta quarta-feira (15), a família da vítima e a advogada Larissa Melo, que também é passista, estiveram na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) para registrar a ocorrência. "Estamos prontíssimas para responsabilizar os racistas! Na Portela, o preconceito não tem vez. Agora o caso está sob os cuidados das autoridades policiais", publicou a advogada.
Em nota, a Polícia Civil informou que todos os envolvidos serão ouvidos e as diligências estão em andamento para apurar os fatos. Já a Portela comunicou que o departamento jurídico da agremiação foi acionado e tomará as atitudes necessárias para que os responsáveis respondam pelos seus atos.
"A Portela é uma instituição centenária, forjada na luta do povo preto do subúrbio do Rio de janeiro. Historicamente, opõe-se a qualquer forma de preconceito ou discriminação, prezando sempre pelo respeito à diversidade. Neste sentido, manifestamos nosso total repúdio aos insultos racistas proferidos contra uma de nossas passistas mirins em rede social, nos comentários de um vídeo gravado em nosso ensaio de rua realizado no último domingo, 12 de janeiro", informou.
"Este posicionamento de nossa agremiação é um imperativo de cidadania, em respeito a todos os nossos componentes. Se a prática racista é um ato desumano que não pode ser tolerado, a agressão de cunho racial a uma criança precisa de uma resposta de todos que minimamente prezam pelos valores civilizatórios mais básicos", concluiu.
Procurada pelo DIA, a Meta, responsável pelo Facebook, disse que não comentará sobre o caso.