Júnior Escafura é neto de Piruinha e vice-presidente da PortelaRede Social

Rio - "Melhor avô do mundo! Lendas não morrem". O desabafo é de Júnior Escafura, vice-presidente da Portela e neto de José Caruzzo Escafura, o Piruinha, que morreu aos 95 anos nesta quarta-feira (22). O velório do contraventor será nesta quinta-feira (23), a partir de 12h na casa de show Sambola, na Abolição, Zona Norte, e o enterro às 16h no Cemitério Inhaúma, na mesma região.

Nas redes sociais, Júnior prestou uma homenagem ao avô. "Queria que esse dia nunca chegasse até porque Deus quando te fez jogou a forma fora. Você foi único! O melhor ser humano que já conheci na minha vida. Tinha sempre uma palavra de incentivo, bons conselhos e me ensinou a ajudar as pessoas. Como tenho orgulho de ter sido seu neto e quanta coisa aprendi com o senhor", lamentou.

O portelense também revelou tristeza com a partida de Piruinha. "Não tenho palavras para expressar minha gratidão por tudo que fez por mim e principalmente por me mostrar o caminho certo , sempre falando dos meus estudos. Estou destruído por dentro mas me conforta saber o quanto o Senhor é querido e amado por tanta gente. A abolição nunca mais será a mesma! Vai com Deus fenômeno e olhe por mim e pela nossa Portela. Te amo melhor Avó do mundo. Lendas não morrem", lamentou.

Junior Escafura também é secretário da Liesa. Ele é filho de Luis Carlos Escafura, que foi presidente da Portela entre 1994 e 1996. Outro neto que também seguiu o caminho do samba é José Luiz Escafura, que ocupa o cargo de vice-presidente de carnaval no Império Serrano.
Velório no Sambola
A escolha do Sambola para a despedida ocorre porque além dos negócios ligados ao jogo, Piruinha foi proprietário durante muitos anos da casa de shows que marcou época na Zona Norte do Rio, hoje rebatizado como Sambola Hall, no bairro da Abolição. Foi lá que diversos artistas se apresentaram no início da carreira, como Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz e Almir Guineto.
História no Jogo do Bicho
Piruinha recebeu este apelido por causa de sua origem humilde, já que era chofer de transporte público e costumava conduzir peruas (carros com porta-malas espaçosos) nas ruas do Rio. Ele exerceu, por décadas, o domínio do Jogo do Bicho nos bairros de Madureira, Abolição, Cascadura, Maria da Graça, Piedade e Inhaúma, na Zona Norte.
Em 1993, ele foi um dos 14 contraventores condenados por formação de quadrilha pela juíza Denise Frossard, da 14ª Vara Criminal. Paralelamente ao jogo, explorava outras atividades, como motéis na Zona Oeste e foi investigado por uma suposta ligação com uma quadrilha de abortos clandestinos.
Em 2024, ele foi absolvido da acusação de ser o mandante da morte de Natalino José do Nascimento Espínola, o Neto, que era dono de uma loja de carros e neto de Natal da Portela, patrono da escola de samba, por causa de uma dívida que tinha com contraventores da cidade. O crime ocorreu em julho de 2021, na Estrada Intendente Magalhães, na Vila Valqueire, Zona Oeste.