Militares do Corpo de Bombeiros socorreram a mulher ainda dentro do ônibusReprodução/TV Globo

Rio - Uma passageira de um ônibus da linha 388 (Cesarão x Candelária) passou mal e desmaiou por causa do forte calor na manhã desta quinta-feira (23). Lidiane Santos da Silva, de 28 anos, foi socorrida ainda dentro do transporte por militares do Corpo de Bombeiros. Após o incidente, o ônibus foi lacrado pela Prefeitura do Rio por má conservação. O mesmo aconteceu com outros 26 coletivos. 

O caso aconteceu por volta das 7h30, quando o ônibus passava pela Avenida Brasil, na altura do bairro de Deodoro, no sentido Centro. Lidiane foi socorrida e levada para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Marechal Hermes.

Segundo relato de outros passageiros, o veículo estava com o ar-condicionado ligado, mas o sistema não dava vazão, uma vez que o coletivo estava lotado. A vítima é paciente do Hemorio e seguia para consulta na unidade de saúde no Centro. A situação foi flagrada pelo helicóptero da TV Globo.

Nas redes sociais, usuários criticaram a condição dos ônibus no Rio. "Isso é um crime deixar esses ônibus sem ar condicionado, não tem fiscalização. Todo verão é sempre a mesma situação", postou um usuário do X, antigo Twitter.

Em outra postagem, um internauta lembrou que a frota de coletivos que atende à cidade deveria estar totalmente climatizada desde 2016. Essa foi uma das promessas feitas em 2014 pelo então e também atual prefeito Eduardo Paes.

"Até hoje centenas de ônibus andam no Rio sem ar-condicionado nesse calor de mais de 40 graus", comentou outro perfil.
Dentro da norma
O Rio Ônibus, sindicato responsável pelas empresas de ônibus que atuam no município, lamentou o ocorrido e garantiu que o coletivo em questão onde a passageira passou mal estava com o ar-condicionado operando normalmente e em temperatura dentro das normas. Apesar disso, a entidade informou que o ônibus foi lacrado por conta de um trincado no para-brisa e rasgos nos bancos.

Ainda na nota, a empresa admitiu que o "aparelho não dá vazão" em dias de altas temperatura, como aconteceu nesta quinta-feira.

"Segundo a norma NBR 15570 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), os equipamentos de refrigeração dos ônibus urbanos devem assegurar que, quando a temperatura externa for superior a 30°C, a temperatura interna se mantenha pelo menos 8 graus abaixo. No verão carioca, temperaturas externas superiores a 40 graus acabam, infelizmente, por gerar desconforto nos passageiros", informa o comunicado.
27 ônibus lacrados

A Secretaria Municipal de Transportes do Rio (SMTR) informou que está fez um trabalho de fiscalização nesta quinta-feira em todos os coletivos usados para fazer a linha 388. Além deste ônibus, outros 26 também foram tirados de circulação.
Parte desses coletivos tinha problema no sistema de acessibilidade. As fiscalizações aconteceram em diferentes pontos da cidade: Terminal Alvorada (Barra da Tijuca), Candelária (Centro), Central (Centro), Cascadura, Terminal Gentileza (São Cristóvão), Penha e Tijuca. Foram penalizados veículos de 32 linhas de todos os quatro consórcios. Além das remoções, foram aplicadas 104 multas em 88 veículos. "Foram penalizados veículos de 32 linhas de todos os quatro consórcios", informou a SMTR.
De acordo com a secretaria, são feitas fiscalizações diárias para monitorar o estado de conservação dos veículos e quanto ao funcionamento do ar-condicionado: "Caso sejam encontradas irregularidades, o consórcio responsável poderá ser multado e, dependendo da gravidade, os ônibus poderão ser lacrados".

No fim do ano passado, a prefeitura do Rio iniciou um cronograma para instalação de sensores de temperatura nos ônibus da cidade. Até o momento, segundo o município, 500 aparelhos foram colocados em funcionamento.

A prefeitura esclareceu ainda que somente no ano passado foram descontados R$ 40 milhões dos consórcios devido à falta de ar-condicionado nos ônibus. "O objetivo é fortalecer a fiscalização e penalizar as empresas que não cumprirem as normas de climatização", informa um trecho do comunicado.
Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) informou que Lidiane foi atendida na UPA de Marechal Hermes e, após hidratação venosa, recebeu alta com recomendação de que mantivesse repouso domiciliar.