No ano passado, peças sacras de igreja do Centro do Rio foram recuperadas antes de venda em leilãoDivulgação

Rio - O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) procura peças furtadas de igrejas como a Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores e da Nossa Senhora do Monte do Carmo, ambas no Centro do Rio, em anúncios de venda de casas de leilão. Até o momento, mais de 1700 objetos de templos históricos do país são considerados desaparecidos. A venda de bens tombados é considerada ilegal.
Ao DIA, o Iphan informou que acompanha cerca de 3 mil avisos de leilão por ano, apenas no Rio. Em 2024, a fiscalização identificou 20 objetos sendo divulgados para venda. Metade das peças já foram devolvidas às igrejas.
As buscas têm sido intensificadas, em parceria com as irmandades, a Polícia Federal e a Arquidiocese do Rio. Neste ano, mais três objetos foram localizados e dois deles enviados para perícia, sendo um porta-paz em prata e outro uma estante de missal com um brasão igual ao da Irmandade dos Mercadores.
De acordo com o o Iphan, os responsáveis pelas casas de leilão devem avisar ao instituto a realização de todos os certames e precisam estar cadastrados no Cadastro Nacional de Negociantes de Obras de Arte e Antiguidades (Cnart). Caso não realizem os protocolos, eles podem ser autuados.
A investigação e responsabilização sobre crimes de furto, roubo e receptação de bens tombados fica a cargo da Polícia Federal. Questionada, a PF ainda não respondeu. O espaço está aberto para manifestação.
Objetos recuperados
Em julho do ano passado, a Polícia Federal recuperou cinco peças que foram furtadas entre o fim dos anos 1970 e o início dos anos 1980 da Igreja da Irmandade de Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores, na Rua do Ouvidor, no Centro do Rio. Os itens são tombados pelo Iphan.
As investigações tiveram início em outubro de 2023, quando os agentes tomaram conhecimento de que possíveis bens tombados estariam sendo oferecidos em um leilão no Rio. Os artefatos foram devolvidos à igreja após a perícia criminal identificar que elas eram partes do acervo, além de pertencerem ao patrimônio histórico e cultural brasileiro.
Em agosto de 2024, a PF e o Iphan restituíram três peças sacras – que pertencem ao patrimônio histórico e cultural brasileiro – ao acervo da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Monte do Carmo, igreja localizada na Rua Primeiro de Março, também no Centro. Estima-se que elas desapareceram na década de 90.
O Instituto identificou, em um leilão, peças com características que indicavam ser bens tombados e determinou a retirada imediata das mesmas do evento. As três obras estavam catalogadas no rol de bens culturais procurados pelo órgão. Todas as peças possuem a gravação de termos em latim no seu escudo central.
As investigações sobre o caso também começaram em outubro de 2023, quando a Polícia Federal, informada pelo Iphan, apreendeu as três peças e as encaminhou para análise pericial. O laudo da inspeção constatou que todas as obras sacras teriam sido produzidas na segunda metade do século 18.