Bombeiros atuam no rescaldo do incêndio que atingiu fábrica de óleo na Ilha do Governador
Em meio às chamas que puderam ser vistas de longe, o forte cheiro de fumaça ainda se alastrou pelos arredores provocando ardência nos olhos, garganta e até enjoos
Bombeiros controlaram o incêndio de grandes proporções que atingiu a fábrica de óleo da Moove - Divulgação/Governo do Rio
Bombeiros controlaram o incêndio de grandes proporções que atingiu a fábrica de óleo da MooveDivulgação/Governo do Rio
Rio - O Corpo de Bombeiros atua, na manhã deste domingo (9), no rescaldo do incêndio de grandes proporções que atingiu a fábrica de óleo da empresa Moove, antiga Cosan, no bairro da Ribeira, Ilha do Governador, na Zona Norte do Rio, no início da tarde de sábado (8). Moradores relataram que, em meio às chamas que puderam ser vistas de longe, o forte cheiro de fumaça ainda se alastrou nos arredores, provocando ardência nos olhos, garganta e até enjoos.
Ao todo, mais de 100 bombeiros de 20 unidades do estado do Rio foram enviados ao local por volta das 12h30. O incêndio foi controlado às 20h30.
Nas redes sociais, internautas comentaram o susto. "Fiquei assustada com o cheiro de combustível aqui na Freguesia", escreveu um. "Cheiro de combustível chegou aqui nos Bancários e depois passou, é de assustar essa situação", lamentou outra.
"Ardência nos olhos e na garganta!", afirmou mais uma. O cheiro está forte demais, olhos ardendo e dor de cabeça. Eu tranquei a casa toda", complementou a colega.
"Senti um cheiro horrível aqui nos Bancários, fiquei com dor de cabeça vendo as coisas embaçadas e tinta, uma sensação horrível", finalizou uma moradora.
Ao DIA, Cristina Bezerra, 67 anos, moradora do bairro Tauá, há cerca de 3km do local do incêndio, revelou que apesar de morar longe da fábrica, sentiu forte cheiro de queimado.
"Por volta das 20h sentimos forte cheiro de queimado, mas eu, particularmente, sentia um cheiro como de asfalto novo, não sei se tem a ver, mas era bem forte mesmo. Fechei a casa e coloquei os ventiladores para funcionar. Não ficou nada de cheiro dentro de casa. Mas hoje, com o tempo limpo, nuvens claras, senti o cheiro novamente. Bem mais fraco, por sinal", contou.
À princípio, Cristina e a família acharam que as nuvens de fumaça seriam a formação de chuva. "Eu estava com meu filho e os filhos dele numa piscina pequena que temos em casa. Daí meu filho se assustou com as nuvens pretas que se formavam sobre a piscina. Imaginamos que seria uma nuvem de chuva se formando, mas percebemos que era mais preta que de costume. Dentro de 15 minutos, meu sobrinho chegou dizendo que no grupo de amigos dele estavam falando sobre um incêndio na Ribeira", explicou.
Devido aos transtornos, a Secretaria Municipal de Saúde informou que os postos de saúde estão em prontidão para atender a população, caso haja necessidade devido à fumaça.
De acordo com Rodrigo Toledo, subprefeito das Ilhas do Governador, Fundão e Paquetá, apesar da proporção do incêndio, não houve ordem de evacuação na Ribeira. No entanto, a Feira da Ribeira e o bloco de Carnaval que aconteceria na Praia do Jequia foram cancelados devido ao incêndio. Ele afirmou ainda que a fumaça não foi diretamente em direção às casas, mas sim para a Baía de Guanabara.
Na ocasião, o governador Cláudio Castro se solidarizou com os moradores e disse que as causas do incêndio serão apuradas. "Minha solidariedade e apoio aos trabalhadores, comerciantes e moradores prejudicados pelo incêndio. Seguimos trabalhando para extinguir as chamas, oferecendo toda a assistência necessária e, posteriormente, descobrir a causa do acidente", escreveu Castro.
Além disso, de acordo com o Instituto Estadual do Ambiente (Inea), até o momento, não foram identificados vazamentos provocados pelo incêndio. Após o controle das chamas pelos bombeiros, técnicos do instituto vistoriam novamente o espelho d’água e a planta da fábrica neste domingo (8) a fim de identificar possíveis danos ambientais.
"O Instituto tomou diversas medidas de prevenção ainda ontem ao acionar, junto à Capitania dos Portos, o Plano de Área da Baía de Guanabara", informou em nota.
Procurada, a Moove informou que a fábrica estava inoperante neste sábado. Esclareceu, ainda, que o incêndio está restrito à área da companhia e ocorreu na área produtiva da fábrica, sem atingir a área dos tanques de armazenamento. "Todos os protocolos de segurança necessários estão sendo aplicados. Mais informações serão fornecidas ao longo do dia", disse a empresa por meio de nota.
Moradores e instituição temiam possível explosão
O Movimento Baía Viva, uma organização não governamental, tem um inquérito de 2018 parado no Ministério Público do Rio (MPRJ) no qual faz um alerta sobre os riscos de desastres na fábrica da Moove. Em 2019, o DIA publicou uma matéria sobre o risco de tragédia na Ilha. Na época, o Movimento disse que a Ilha concentrava 33 pontos críticos das 92 áreas de riscos tecnológicos na cidade.
A situação é agravada, segundo eles, por instalações de elevado risco de acidentes, incêndios ou explosões devido a estocagem no solo urbano e em ilhas do seu entorno de material explosivo, inflamável ou tóxico e de depósitos de material bélico.
Na ocasião, o MP informou à reportagem que foi instaurado um inquérito civil para apurar "eventual omissão do poder público com relação ao tratamento de risco ambiental decorrente de eventual desastre tecnológico na Ilha do Governador". O MPE pediu informações de órgãos públicos municipais e estaduais, estando a investigação pendente da prestação de informações pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea), pela Secretaria Municipal de Urbanismo e pelo Baía Viva.
Neste sábado (8), o Movimento Baía Viva disse que, neste mesmo processo mencionado, o Inea afirmou que as instalações da empresa eram seguras.
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