Rio - Um incêndio de grandes proporções atingiu a fábrica de óleo da empresa Moove, antiga Cosan, no bairro da Ribeira, Ilha do Governador, na Zona Norte do Rio, desde o início da tarde deste sábado (8). A densa fumaça causada pelas chamas pôde ser vista de diferentes pontos da região e outros pontos do estado, como Caxias e Niterói. O fogo foi controlado por volta das 20h.
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Incêndio atinge fábrica de óleo na Ilha do Governador.
Pelas redes sociais, moradores da região informaram que ouviram barulhos de explosões no local. O Centro de Operações Rio disse que há interdições no trecho, na altura da Rua Lourenço da Veiga.
O Corpo de Bombeiros foi acionado às 12h36, e equipes dos quartéis do Fundão, Central, Penha e Ilha do Governador combatem o fogo, que acontece na Rua Campo da Ribeira. Posteriormente, militares dos quartéis de Campos Elísios, Barra da Tijuca e São Cristóvão também seguiram para o local. Os bombeiros estão usando drones para auxiliar as equipes.
Cerca de 106 bombeiros militares de 20 unidades da corporação estão mobilizados, atuando no combate às chamas e no resfriamento e na proteção das áreas não atingidas, para evitar propagação. Não há registros de vítimas.
O Coronel Tarciso Antônio de Salles, secretário da Defesa Civil, informou em coletiva de imprensa realizada às 18h30 deste sábado (8) que as equipes continuam combatendo as chamas na fábrica. O fogo não se propagou e permanece restrito a um galpão de 1.200 m², que contém grande quantidade de material combustível.
"Ainda não sabemos o que motivou o incêndio, neste momento estamos nos concentrando em conter o fogo nesse galpão. Os bombeiros vão seguir no local, se preciso, durante toda a noite e madrugada", disse o secretário.
Procurada, a Moove informou que a fábrica estava inoperante neste sábado. Esclareceu, ainda, que o incêndio está restrito à área da companhia e ocorreu na área produtiva da fábrica, sem atingir a área dos tanques de armazenamento. "Todos os protocolos de segurança necessários estão sendo aplicados. Mais informações serão fornecidas ao longo do dia", disse a empresa por meio de nota.
O governador Cláudio Castro publicou nas redes sociais que a Polícia Militar está na região. Ele se solidarizou com moradores e disse que as causas do incêndio serão apuradas. "Minha solidariedade e apoio aos trabalhadores, comerciantes e moradores prejudicados pelo incêndio. Seguimos trabalhando para extinguir as chamas, oferecendo toda a assistência necessária e, posteriormente, descobrir a causa do acidente", escreveu Castro.
Rodrigo Toledo, subprefeito das Ilhas do Governador, Fundão e Paquetá, disse que não houve ordem de evacuação na Ribeira. No entanto, a Feira da Ribeira e o bloco de carnaval que aconteceria na Praia do Jequia foram cancelados devido ao incêndio. Toledo reforçou que, até o momento, não há informações sobre vítimas no local.
A Secretaria Municipal de Saúde informou que os postos de saúde estão em prontidão para atender a população, caso haja necessidade devido à fumaça. "A fumaça não está indo em direção às casas, mas sim para a Baía de Guanabara", afirmou o subprefeito.
Apesar disso, moradores relatam estar inalando a fumaça há mais de duas horas. "Aqui em casa abrimos todas as janelas e portas para o ar circular. Ninguém nos informa se essa fumaça é tóxica, nem nos dão orientações", reclamou uma moradora da Ribeira. Uma funcionária da Moove lamentou a destruição da fábrica. "É de lá que vem o sustento da minha família, e agora?"
A ocorrência está sendo investigada pela 37ª DP (Ilha do Governador). Uma perícia será realizada no local para determinar as causas do incêndio. O Instituto Estadual do Ambiente (Inea) informou que a empresa citada conta com licença de operação ativa com validade até 28 de outubro de 2029.
O órgão disse ainda que vai apurar as causas e respostas da empresa ao incêndio deste sábado e aplicará as sanções cabíveis.
Moradores e instituição temiam possível explosão
O Movimento Baía Viva, uma organização não governamental, tem um inquérito de 2018 parado no Ministério Público do Rio (MPRJ) no qual faz um alerta sobre os riscos de desastres na fábrica da Moove. Em 2019, o DIApublicou uma matéria sobre o risco de tragédia na Ilha. Na época, o Movimento disse que a Ilha concentrava 33 pontos críticos das 92 áreas de riscos tecnológicos na cidade.
A situação é agravada, segundo eles, por instalações de elevado risco de acidentes, incêndios ou explosões devido a estocagem no solo urbano e em ilhas do seu entorno de material explosivo, inflamável ou tóxico e de depósitos de material bélico.
Na ocasião, o MP informou à reportagem que foi instaurado um inquérito civil para apurar "eventual omissão do poder público com relação ao tratamento de risco ambiental decorrente de eventual desastre tecnológico na Ilha do Governador". O MPE pediu informações de órgãos públicos municipais e estaduais, estando a investigação pendente da prestação de informações pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea), pela Secretaria Municipal de Urbanismo e pelo Baía Viva.
Neste sábado (8), o Movimento Baía Viva disse que, neste mesmo processo mencionado, o Inea afirmou que as instalações da empresa eram seguras.
Sobre a Moove
A Moove é uma multinacional brasileira do Grupo Cosan, e considerada uma das maiores produtoras e distribuidoras de lubrificantes e óleos básicos do Brasil. Atualmente está presente em 11 países, nas Américas (Brasil, Estados Unidos, Argentina, Bolívia, Paraguai e Uruguai) e Europa (Reino Unido, Portugal, França e Espanha).
A empresa foi originada em 2008, quando a Cosan comprou os ativos no Brasil da ExxonMobil e fez um acordo de exclusividade das marcas.
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