Itamar Serpa Fernandes foi fundador da EmbellezeReprodução/Redes sociais

Rio - Itamar Serpa Fernandes foi fundador da Embelleze, criada em 1969. Ele faleceu em 18 de julho de 2023, aos 82 anos, após não resistir a uma cirurgia para conter sangramentos no fígado. O empresário é apontado como vítima de um golpe da ex-mulher, Monique Elias, que teria desviado R$ 122 milhões de sua fortuna.

Natural de Vitória, no Espírito Santo, Itamar era o primogênito da família. Ainda adolescente, aos 15 anos, mudou-se para Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Antes de fundar sua empresa, atuou como office boy, caseiro, cobrador de ônibus e ainda como professor de química e física.

Após perder seu pai, Serpa foi chamado para trabalhar na Bayer. Pouco depois, ao entrar na faculdade, precisou deixar o emprego. Anos após, voltou ao local para realizar os primeiros testes dos produtos da Embelleze.

Em 1969, ele lançou o alisante Henê, que se popularizou entre as mulheres por não danificar os cabelos. Nos dias atuais, o catálogo da marca conta com mais de 500 produtos, entre tratamentos, tintas de cabelo e shampoos.

Além disso, ele ainda fundou o Instituto Embelleze, em 1998, para capacitar profissionais da área da beleza. Mais de 2,5 milhões de pessoas, de acordo com a empresa, já se formaram no local, que se tornou uma rede de franquias.

Sua marca conta com filiais nos Estados Unidos e Portugal, e presença em 70 países.
Em 2020, ano da pandemia, o empresário estava prestes a atingir R$ 1 bilhão de faturamento anual.
Serpa também atuou como Deputado Federal pelo Rio de Janeiro e Vereador pela cidade de Nova Friburgo, na Região dos Lagos.

Após seu falecimento, uma homenagem ao legado do "Seu Embelleze" foi publicada nas redes sociais.

"Dedicou sua vida a fazer deste mundo um lugar melhor para todos que com ele conviveu. Fazia questão de ouvir, de ensinar e sempre inspirar. Para nós, fica seu imenso legado, que será sempre lembrado com muito carinho e amor. Exemplo em tudo que fez, foi um grande pai, amigo e empresário. Tinha como missão principal transformar vidas. E fizemos deste propósito o lema maior da Embelleze e que, a partir de hoje, se torna ainda mais eterno, como ele sempre será!"
A história de Monique Elias foi exposta no último domingo (16) - Reprodução/portal Leo Dias
A história de Monique Elias foi exposta no último domingo (16)Reprodução/portal Leo Dias


Monique se manifesta por meio das redes sociais

Nesta terça-feira (18), Monique usou as redes sociais para agradecer ao apoio de amigos, familiares e colegas de trabalho após as acusações virem à tona. Em sua fala, ainda lamentou as falas relacionadas ao estado mental de Itamar.

“Eu quero agradecer aos meus amigos tanto apoio. Quero agradecer ao povo da fábrica que me ligou, não foram poucos, o bem que fizemos é nosso advogado em todo lugar. Quero agradecer a quem se colocar no meu lugar e da minha família. Hoje tem 20 meses da morte do Itamar, e colocar a memória dele como alguém que era bobo, que estava mentalmente perdido é desconsiderar todo trabalho feito por ele à frente da empresa", diz trecho do comunicado.

Civil investiga o caso

A Polícia Civil do Rio de Janeiro investiga Monique por ter criado uma identidade fictícia chamada Jéssica Ferrer. Durante uma década, essa personagem virtual teria enviado e-mails a Itamar Serpa para manipular sua percepção sobre amigos, parentes e funcionários. A falsa confidente fazia alertas sobre riscos inexistentes, o que levou o empresário a se afastar da família e até mesmo a mudar decisões dentro da instituição.

Os investigadores descobriram que Monique não agiu sozinha. Ela teria contado com a participação do filho, João Carlos Tavares Serpa, e de Mateus Palheiras, com quem se casou após o término com Itamar. Juntos, eles teriam desviado aproximadamente R$ 122 milhões por meio de transações financeiras e mudanças no testamento.

O inquérito reuniu mais de duas mil páginas de mensagens que detalham as estratégias usadas para afastar os herdeiros da administração da empresa. Mesmo depois do divórcio, Monique ainda exercia influência sobre o empresário, que faleceu em 2023, aos 82 anos. Ela tentou assumir a presidência da Embelleze, mas não conseguiu.

Monique, João e Mateus foram indiciados pelos crimes de estelionato, fraude e associação criminosa.