Tenente-coronel Ivan Blaz foi exonerado do cargo de comandante do 2º BPM (Botafogo)Marcos Porto/Arquivo O Dia

Rio - A Justiça Militar do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ) tornou réu o tenente-coronel Ivan Blaz, ex-porta-voz da Polícia Militar, por ter acessado ilegalmente um prédio residencial no Flamengo, na Zona Sul, em janeiro passado, com o argumento de que pretendia prender o traficante Álvaro Malaquias Santa Rosa, o Peixão. A decisão acata uma denúncia do Grupo de Atuação Especial em Segurança Pública do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (Gaesp/MPRJ) contra o policial, que vai responder pelos crimes de constrangimento ilegal e invasão de domicílio.
No texto da decisão, a Justiça Militar determina a suspensão total das atividades públicas do tenente-coronel por considerar uma relação direta entre o cargo dele e a entrada ilegal no edifício: “Conforme se depreende da denúncia, o suposto crime foi praticado, em tese, em razão da função e da posição hierárquica do réu, mostrando-se imprescindível o afastamento do ora acusado tanto das atividades-fim, inerentes à função policial, quanto das atividades-meio, de natureza administrativa”.
Além de tal suspensão, Blaz também deverá cumprir as seguintes medidas cautelares: comparecer a cada três meses em juízo para informar e justificar suas atividades; não ter qualquer contato com vítimas, testemunhas ou qualquer pessoa ligada ao processo; não portar armas de fogos; e não se ausentar da comarca onde reside, exceto em caso de autorização judicial.
A denúncia
Segundo promotores de Justiça do Gaesp, Blaz - então comandante do 2º BPM (Botafogo), de onde foi exonerado logo após o episódio - praticou os crimes quando coordenava uma operação de inteligência a partir de uma denúncia anônima dando conta de que Peixão, líder da facção Terceiro Comando Puro (TCP) no Complexo de Israel, na Zona Norte, estaria em um apartamento do edifício visitando o pai.
Dentre os PMs que o acompanhavam na ação, uma sargento ajudou Blaz a simular um casal a fim de facilitar o ingresso ao condomínio, mas a estratégia falhou. Isso porque o porteiro negou a entrada do tenente-coronel, que não se apresentou formalmente como policial e ainda segurava uma lata de cerveja. Após a negativa, ele permaneceu nas imediações aguardando uma oportunidade para entrar no prédio.
Ainda de acordo com o Gaesp, Blaz conseguiu, enfim, acessar o edifício, sem um mandado judicial ou indícios concretos de crime em flagrante. Com uma arma em punho, obrigou o porteiro a deitar-se no chão e, na sequência, a acompanhá-lo por todos os andares. O PM ainda ordenou que dois moradores entregassem seus celulares a ele e ficassem na portaria sob vigilância da sargento que o acompanhava.
A reportagem do DIA tenta contato com a PM para solicitar um posicionamento sobre a decisão da Justiça Militar. O espaço está disponível.