Vinicius Drumond é filho e herdeiro na contravenção do bicheiro Luizinho DrumondReprodução/Redes sociais

Rio - O bicheiro Vinicius Drumond, alvo de um ataque a tiros em plena luz do dia na Avenida das Américas, uma das vias mais movimentadas do Rio, é apontado como um dos chefes do jogo do bicho na capital. Herdeiro direto da contravenção, ele é filho de Luizinho Drumond, bicheiro que controlava a Zona da Leopoldina. Ele morreu em 2020, vítima de um AVC.
Assim como o pai, Vinicius construiu sua trajetória entre a contravenção e o carnaval. Há apenas três dias, foi anunciado como patrono da escola de samba Em Cima da Hora. Antes disso, ocupou o cargo de vice-presidente executivo da Imperatriz Leopoldinense, presidida por sua irmã, Catia Drumond, função da qual renunciou em 26 de fevereiro deste ano, após se tornar alvo de operações policiais.
Alvo de operações
No início de fevereiro, ele foi alvo da Operação Ouro Negro, deflagrada pela Polícia Civil contra integrantes de uma quadrilha especializada no furto de petróleo e derivados em dutos subterrâneos da Petrobras. Segundo as investigações, o grupo seria comandado por Vinicius. Na ocasião, foram cumpridos mandados de busca e apreensão em endereços ligados aos suspeitos.

De acordo com a Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados (DDSD), o bicheiro estaria envolvido em diversas atividades ilícitas, como agiotagem, lavagem de dinheiro e corrupção. A polícia afirma que Drumond atua por meio de "laranjas", o que dificulta o rastreamento de suas ações. Ainda segundo os investigadores, as provas coletadas indicam sua participação direta e liderança nos crimes apurados.

Nove dias após essa operação, Vinicius voltou a ser alvo da Polícia Civil, desta vez em uma ação relacionada ao assassinato do empresário Manuel Agostinho Rodrigues de Miranda, de 66 anos. Ao todo, 13 pessoas foram alvo da operação.

O crime aconteceu em 29 de setembro de 2023, na Rua Bispo Lacerda, em Del Castilho, Zona Norte do Rio. O veículo de Agostinho, um Toyota Corolla blindado, foi atingido por diversos disparos de fuzil, que arrancaram a maçaneta da porta do motorista, ponto onde os tiros foram concentrados.

Segundo as investigações, o empresário também tinha envolvimento com a contravenção e era ligado à família Drumond, tendo sido sócio de Luizinho Drumond no passado. Após a morte do patriarca, no entanto, desentendimentos internos teriam provocado o rompimento entre os grupos, culminando na execução de Agostinho. A polícia investiga se a ordem partiu da cúpula da contravenção.
Citado em investigação sobre morte de advogado 
Em março do ano passado, o nome de Vinicius Drumond foi citado durante uma investigação da Polícia Civil na morte do advogado Rodrigo Marinho Crespo, de 42 anos. O policial militar Leandro Machado da Silva, suspeito de fornecer dois veículos utilizados no crime e fazer parte de um grupo de matadores no Rio, teria relação com o bicheiro alvo de ataque nesta sexta-feira (11).
Segundo o delegado Felipe Cury, diretor do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa, o suposto grupo de extermínio do qual o PM faz parte, mata pessoas por dinheiro, sem nenhuma motivação pessoal.
O que se sabe sobre a tentativa de homicídio contra Vinicius
Por volta das 11h desta sexta-feira (11), o carro onde estava Vinicius Drumond foi alvejado a tiros na altura da estação do BRT Roberto Marinho, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. Os disparos assustaram quem passava pelo local. Devido ao crime, a pista central da via, no sentido São Conrado, ficou interditada por cerca de 30 minutos.
O bicheiro sofreu escoriações leves por causa de estilhaços de vidro. Ele deu entrada no Hospital Barra D'Or e, de acordo com a unidade, recebeu atendimento na emergência e alta logo em seguida.
Policiais da 16ª DP (Barra da Tijuca) já fizeram uma perícia no trecho onde aconteceu o tiroteio. O veículo de Vinicius, que é blindado, foi levado para a delegacia. Embora o caso não tenha registrado nenhuma vítima fatal, a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) assumiu as investigações.
Segundo a Polícia Civil, Drumond será ouvido em breve e o veículo levado para a sede da especializada. Agentes realizam diligências para apurar a autoria e a motivação do crime.