Emocionados, familiares compareceram ao IML do Centro para reconhecimento do corpoÉrica Martin / Agência O Dia

Rio – Familiares da Bárbara Elisa Yabeta Borges, morta durante confronto entre criminosos na Linha Amarela, Zona Norte do Rio, compareceram ao Instituto Médico Legal (IML) do Centro, na manhã deste sábado (1º), para o reconhecimento do corpo. Ao DIA, a sogra da jovem, de 28 anos, Andréia Assis, afirmou que a nora era uma "menina linda, com um coração imenso".
"A menina falava tão doce. Não tem o que dizer. Era uma menina excepcional, trabalhadora, conquistando o espaço dela, foi promovida há pouco tempo, superfeliz. Conseguiu passar, tirou a carteira de motorista, vibrando, altos planos com meu filho", lamentou Andréia, emocionada. Ela contou, ainda, que Bárbara fazia planos para engravidar em breve.
Segundo a mulher, na tarde desta sexta-feira (31), seu filho, que estava em São Paulo, ligou, desesperado, dizendo que a localização do celular de Bárbara, rastreado através de um serviço de GPS, indicava que ela estava em um hospital.
"Fui fazer um negócio lá embaixo no prédio e vi uma senhora vendo um vídeo desse arrastão. Eu perguntei para ela: 'Isso é agora?', porque a gente nunca sabe. Ela disse que sim, era naquele exato momento. Quando eu subi, ele [o filho] me ligou, mas já me ligou transtornado. 'Mãe, corre, o que está acontecendo com a Bárbara? Aconteceu alguma coisa, está dando a localização dela dentro do Hospital de Bonsucesso'. Só que a gente esperava o quê? Ela passou mal, está ferida. Mas a menina já chegou lá praticamente morta", relembrou.
Andréia também protestou contra a violência no Rio e considerou o problema uma "politicagem". "Vítimas somos nós, que só de uma moto encostar do seu lado, você já treme. Da pessoa virar e falar: 'Desce, perdeu'. Você não conseguir desatar um cinto, levar um tiro. De você ter que comprar dois celulares, um para saber que o bandido vai levar e outro para você usar. De você não poder ter um lazer. De você sair de casa já nesse estresse, de saber se vai voltar."
"A nossa opção é trabalhar e conquistar, dia após dia, o pão de cada dia, que era o que a minha nora estava fazendo, conquistando os sonhos dela. Vítimas somos nós", completou, bastante emocionada. Ela estava acompanhada da mãe da vítima, Beth, que não quis conversar com a imprensa, e de um outro familiar. 
O sepultamento de Bárbara ocorrerá às 16h deste domingo (2) no Cemitério de Irajá. O velório começará às 13h.
Secretário lamenta 
Bárbara era filha de uma professora da rede municipal de ensino. O secretário Municipal de Educação do Rio, Renan Ferreirinha, lamentou a perda nas redes sociais. "Mais uma jovem inocente que perde a vida para criminosos covardes que espalham o terror. Meus sentimentos à sua mãe, nossa querida Beth, e toda a família. Que a justiça seja feita por Bárbara", escreveu.
Confronto causou interdição da Linha Amarela
Moradora da Barra da Tijuca, Zona Oeste, Bárbara estava dentro de um carro de aplicativo quando foi atingida durante confronto na altura do Complexo da Maré, por volta das 14h40 desta sexta-feira (31). Devido ao intenso tiroteio, as autoridades interditaram os dois sentidos da via expressa, na altura da Vila do Pinheiro, e liberaram o trecho às 15h. Um suspeito também ficou ferido.
Um vídeo gravado por uma moradora mostra o momento em que o suspeito é baleado na cabeça quando caminhava na pista. Segundo a testemunha, ele estaria participando do confronto. Em outra imagem é possível ver os motoristas dando ré e seguindo na contramão para sair do fogo cruzado. Confira:
Ambos foram encaminhados ao Hospital Geral de Bonsucesso com um disparo na cabeça. A jovem passou por cirurgia, mas não resistiu. Médicos também realizaram procedimento cirúrgico no homem, que estava em estado grave, e o encaminharam ao CTI.
Em nota, a Polícia Militar afirmou que agentes do 22° BPM (Maré) estiveram no local e encontraram os dois baleados. Na ação, os agentes apreenderam um fuzil, juntamente com munições e carregadores. O policiamento foi reforçado na região.
A 21ª DP (Bonsucesso) registrou o caso. No entanto, com a morte da vítima, as investigações passaram para a Delegacia de Homicídio.
* Colaborou Érica Martin