Familiares de mortos em megaoperação se emocionaram no Instituto Médico LegalÉrica Martin / Agência O Dia

Rio - No quarto dia após a megaoperação mais letal da história do país, familiares de mortos nos complexos da Penha e Alemão, Zona Norte, compareceram, neste sábado (1º), ao Instituto Médico Legal (IML) Afrânio Peixoto, no Centro, para reconhecimento e liberação dos corpos restantes. Ao todo, 121 pessoas morreram, sendo 117 criminosos e quatro policiais.
O movimento no IML foi grande nesta manhã. Parentes dos mortos se emocionaram ao ver os cadáveres e receberam apoio de equipes da Defensoria Pública do Estado do Rio (DPRJ). Desde a última quarta-feira (29), o órgão auxilia as famílias para obtenção de documentos de parentes, ajuda para a gratuidade de sepultamento, bem com o alvará para translado dos corpos para outros estados.
Até esta sexta-feira (31), 109 mortos haviam sido identificados, sendo pelo menos 43 deles com mandados de prisão em aberto e, ao menos, 78 apresentavam relevante histórico criminal. Entre esse número, 54 são de outros estados (15 do Pará, 11 da Bahia, nove do Amazonas, sete de Goiás, quatro do Ceará, quatro do Espírito Santo, dois da Paraíba, um do Mato Grosso e um de São Paulo).
Em um esquema especial, a Polícia Civil e o Ministério Público do Rio (MPRJ) já periciaram todos os corpos. Ainda até esta sexta, 89 haviam sido liberados para retirada pelos familiares.
Resgates feitos por parentes
Segundo o balanço das forças de segurança, 58 pessoas morreram na terça-feira (28), dia da operação. Na quarta (29), 63 corpos foram encontrados em uma área de mata da Vacaria, na Serra da Misericórdia, que liga a Penha ao Alemão, onde ocorreram os principais confrontos entre os policiais e traficantes. Parentes dos mortos e moradores retiraram os cadáveres do local e levaram até a Praça São Lucas, na Penha.
Ao DIA, duas viúvas, que não quiseram se identificar, contaram que os companheiros tiveram parte dos corpos mutilados e ficaram com os rostos desfigurados. As mulheres disseram ter enfrentado dificuldades de chegar até onde os cadáveres estavam e que granadas foram encontradas próximas para impedir que familiares tivessem acesso.
Chefes do tráfico identificados
Entre os mortos estão chefes do tráfico de estados do Nordeste, Norte, Sudeste e Centro-Oeste do país. Os nomes foram divulgados nesta sexta-feira (31) em coletiva na Cidade da Polícia, na Zona Norte. Conheça alguns deles:
Alisson Lemos Rocha, o Russo ou Gordinho do Valão, de 27 anos, era apontado como líder do tráfico de drogas do bairro Barro Branco, em Serra, no Espírito Santo. Ele era investigado por participar de um assassinato ocorrido em abril deste ano, em seu município de origem.
Douglas Conceição de Souza, conhecido como Chico Rato, de 32 anos, era apontado como pistoleiro do Comando Vermelho em Manaus, no Amazonas. Em 2019, ele foi condenado a 40 anos de prisão pelo assassinato dos irmãos Isaías dos Santos Rabelo e Hilmes Souza Rabelo Filho.
Danilo Ferreira do Amor Divino, o Mazola ou Dani, de 38 anos, tinha anotações por tráfico de drogas e posse irregular de arma de fogo em Feira de Santana, na Bahia. O homem respondia por um assassinato e duas tentativas de homicídio que aconteceram em 2012.
Francisco Myller Moreira da Cunha, o Gringo, de 32 anos, tinha anotações por tráfico de drogas e porte ilegal de armas. Em abril de 2024, ele foi condenado a 34 anos e 10 meses de prisão por participar do homicídio de Samuel Paz de Andrade em Manaus, no Amazonas.