Por Juliana Pimenta

Todo mundo sabe da importância de um fisioterapeuta na vida de um paciente em recuperação de traumas. E, com a pandemia do novo coronavírus, uma categoria específica desses profissionais ganhou ainda mais destaque. De acordo com Ezequiel Pianezzola, fisioterapeuta especialista do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 2ª Região (Crefito-2), a presença dos fisioterapeutas respiratórios é fundamental para o tratamento de pacientes graves.

"A covid-19, quando ataca o sistema respiratório e, principalmente os pulmões, prejudica a captação do oxigênio. Em situações mais brandas, o paciente vai ter uma perda mais leve dessa função, mas nos casos mais graves, o paciente vai evoluir para uma insuficiência respiratória e vai precisar de um auxílio externo, já que a captação própria não vai ser suficiente para o seu corpo", explica Ezequiel, lembrando que quem introduz o paciente a esse tipo de reforço - uso da ventilação mecânica, conhecida popularmente como respirador - é o fisioterapeuta respiratório de cada UTI.

"Mas o problema não é só a falta de ventilador, mas a falta desse profissional, que sabe manejar o equipamento e tem a experiência nesses processos. A regulamentação diz que é necessário um fisioterapeuta respiratório para cada 10 leitos de UTI, mas, na falta desse profissional e durante uma emergência, outros médicos se arriscam nessa atividade", argumenta o especialista que teme que essa prática cause ainda mais danos aos pacientes.

Denúncias

Apesar da regulamentação, alguns hospitais do Rio de Janeiro atuam com falta de profissionais da área segundo denúncias recebidas pelo Crefito. E, mesmo mantendo sigilo sobre os locais onde as infrações ocorrem, Ezequiel confirma que já há uma força-tarefa atuando para corrigir essa falha. "Nós recebemos denúncias e, desde ontem à tarde, já estamos indo aos hospitais denunciados para avaliar a presença dos profissionais, as condições de trabalho e o estado dos aparelhos utilizados", destaca.

Recuperação e atendimento à distância por teleatendimento
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A Universidade Veiga de Almeida (UVA) lançou ontem um serviço gratuito de atendimento de fisioterapia respiratória por teleconsulta para pacientes que receberam alta da covid-19. As consultas, coordenadas por um grupo de reabilitação pulmonar da universidade, serão feitas por professores de fisioterapia da UVA, com apoio de até 200 estagiários do curso.
"Mesmo após a alta hospitalar, se o paciente se queixa de falta de ar ou perda da capacidade pulmonar, ele precisa iniciar um trabalho de fisioterapia respiratória o mais rapidamente possível. Tempo é um fator primordial na recuperação dos músculos respiratórios", afirma Yves de Souza, líder do Laboratório de Pesquisa em Reabilitação Pulmonar da universidade (LaPeRP-UVA).
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De acordo com o coordenador da UVA, há dois perfis de pacientes que necessitam do tratamento. O primeiro é formado por pessoas que apresentaram sintomas graves da doença, com passagem pela UTI. O outro é composto por pessoas que foram internadas com quadro mais brando da covid-19, mas que não se sentem tão dispostas e ativas quanto antes.
A Veiga também está oferecendo teleconsulta para pacientes que precisam de fisioterapia de forma geral. As pessoas interessadas nos serviços de atendimento à distância devem entrar em contato com a universidade através do e-mail yves.souza@uva.br.
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