Protocolo de higiene vai ser cumprido rigorosamente pelos funcionários - Divulgação/ CCR Barcas
Protocolo de higiene vai ser cumprido rigorosamente pelos funcionáriosDivulgação/ CCR Barcas
Por O Dia

Daqui a uma semana a  concessionária CCR Barcas, que administra o transporte marítimo de alta capacidade no Rio de Janeiro, entra em colapso. Ou não. É que o mês de setembro foi informado como limite para definir o futuro do serviço que em tempos normais chega a transportar 75 mil passageiros. Só que a  crise causada pela pandemia do novo coronavírus fez com que o número de pessoas a usar o serviço caísse vertiginosamente: desde março 11 mil usuários utilizam as barcas para ir e vir pelo mar para a capital.

A CCR Barcas aguarda um projeto de lei que deve ser votado na próxima semana, na Câmara dos Deputados, em Brasília. O PL prevê um auxílio de cerca de R$ 4 bilhões do Governo Federal para empresas de transporte coletivo de cidades capitais, regiões metropolitanas ou com mais de 200 mil habitantes.

A CCR Barcas informou que, devido à pandemia, houve uma queda de 85% na demanda de passageiros - de uma média diária de 75 mil para 11.500. Mesmo com algumas otimizações operacionais, a diferença prevista entre custos e receitas da Concessionária para 2020 é R$ 150 milhões de prejuízo. Na linha Cocotá x Praça XV, por exemplo, uma média de somente 200 passageiros estão transportados por dia, o que representa apenas 13% de ocupação das vagas oferecidas.

Em nota, a Concessionária afirmou que é fundamental a captação de recursos para que o pedido de socorro da área de transporte do Rio de Janeiro seja atendido, já que o setor se encontra em grave situação financeira e, com grandes dificuldades para a manutenção dos serviços.

Já a Secretaria de Estado de Transportes ressalta que a mobilidade urbana é um dos setores mais afetados pelo novo coronavírus, resultando na pior crise nos transportes públicos dos últimos 50 anos no país. A entidade afirmou que em virtude das restrições do Estado - o único em Regime de Recuperação Fiscal - e das dificuldades em ajudar financeiramente os operadores, o Governo do Estado tem mantido agendas constantes com representantes do setor, com diferentes estados do país que também enfrentam a mesma crise e com o Governo Federal.

A Setrans diz que acredita que uma saída é o Projeto de Lei federal, que está previsto para ser votado hoje em Brasília e pretende destinar recursos públicos à mobilidade urbana nas cidades das regiões metropolitanas com mais de 350 mil habitantes. Vale ressaltar que a liberação desse recurso está condicionada à apresentação de iniciativas para melhorar o controle e dar maior transparência às atividades de mobilidade urbana.

O Professor de Logística e Transportes e Coordenador do MBA de Logística Empresarial da Universidade Federal Fluminense, Aurélio Murta, ressaltou a importância da aprovação da PL de auxílio aos transportes. Não só para aliviar a situação financeira da concessionária, como também, para que não deixe outros modais superlotados, como os ônibus intermunicipais para a capital, onde em um momento de pandemia, o distanciamento social é necessário.

"Empresa nenhuma consegue equilibrar suas finanças com uma demanda que reduziu de forma tão drástica. Se isso acontecesse em um mês já seria complicado, imagine esse problema perdurando por mais de cinco meses. Agora esqueça a empresa e foque na população. Como que eles vão se transportar? As empresas de ônibus estão preparadas para um aumento de demanda? Então há uma necessidade desse incentivo ser encarado de caráter emergencial", frisou Aurélio Murta.

O professor também destacou a necessidade do Governo Federal, caso aprove o Projeto de Lei, de fiscalizar as concessionárias beneficiadas pelo auxílio. "O governo não pode dar o dinheiro de graça, ele poderia emprestar, fazer algum adiantamento, reduzir alguns impostos em caráter de emergência, mas é necessário analisar as contas da empresa até para o governo ter a certeza e garantia de que esse dinheiro emprestado vai ser efetivamente empregado de forma correta na mitigação desse problema.", concluiu.

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