Por Mônica Riani

André Roman Infante incorporou a fama de 'dedo verde'. É que ele tem mais de 100 espécies de frutas, plantas comestíveis, flores, ervas, suculentas e muito mais no quintal de casa, em São Gonçalo. Quem passa na Rua Angustura, no bairro Nova Cidade, pode dar um confere. É ali que fica o seu Mini Horto, que a partir de 19 de setembro, perto da chegada da Primavera, passa a abrigar o Teatro de Jardim, iniciativa intimista para aproximar o público das artes cênicas. É entre pés de frutas, verduras e plantas comestíveis que o artista vai realizar, às 19h, a peça "Narrativas", exibida no Instagram (@minihorto_teatrodejardim).

"Tudo está interligado, o artista, o homem que ama suas plantas, o menino que na infância também plantava para comer. Assim, com criação integral no espaço do Mini Horto_Teatro de Jardim, 'Narrativas' vem ganhando forma. As gravações utilizam como cenário, exclusivamente, os espaços do jardim, o que faz nascer a ideia do Teatro de Jardim", explica.

"Narrativas" tem direção artística de Chia Rodríguez com supervisão dramatúrgica de Luciana Zule. A edição e montagem com efeitos sonoros é assinada por Luiz Augusto e pelo próprio André, à frente também da interpretação, concepção e dramaturgia. Até dezembro, outros projetos aguardam o público com a participação de vários artistas.

A depressão levou André às plantas. Perdeu a avó em 2017, há oito anos fez da casa em São Gonçalo a base de sua produtora e onde também guarda cenários e figurinos, além de receber os amigos. Começou com flores. Aduba daqui, semeia acolá, as plantinhas foram ganhando fama entre os amigos. Que sugeriram a criação de um Instagram para mostrar as imagens e as mensagens inspiradoras que ele sempre acrescenta nas postagens. "Daí surge o desejo de usar esse movimento como um exemplo para inspirar e ajudar a melhorar o estado de ânimo dos outros também, além de ser um ato de cura, um refúgio aconchegante para mim", diz. "Narrativas" é um projeto de cultura viabilizado  com o edital da SECEC RJ - Cultura Presente nas Redes. 

Com a pandemia, André resolveu tentar aumentar a quantidade de plantas, principalmente as comestíveis. "A partir de então, planto e colho para suprir parte da minha alimentação cultivando Ora Pró Nobis, tomates, pimentas e pimentões, abóbora, inhame, batata doce, gengibre, manjericão, hortelã, alecrim, ervas para chás e temperos como hortelã de corte, capim limão, erva cidreira,  alecrim, lavanda, e frutas como maracujá e manga. Uma produção exclusiva e em pequeníssima escala", revela. E nesse contexto, surgiu a ideia de fazer escambo. No sacolão troca a rara Ora Pró-Nobis por frutas. "Além disso, também passei a produzir estacas de mudas da Ora Pró-Nobis para venda, exclusivamente, com encomenda prévia pelo Instagram.

Tudo é muito novo e André diz que está entendendo ainda esse sonho que é montar o Teatro de Jardim. "Depois da inauguração em 19 de setembro, já temos delineada uma programação até dezembro", garante. No mês de outubro o Mini Horto Teatro de Jardim receberá o ator Márcio Nascimento, indicado ao Prêmio Shell deste ano pela peça "Iago", para produzir e veicular uma pequena encenação com bonecos, para toda a família, no mês da criança. Em novembro, o Coletivo Muanes Dança Teatro e sua diretora Denise Zenicola, para falar e refletir sobre a cultura e a dança afro, a dança na periferia, os corpos negros e a consciência negra. E em dezembro, será a vez de Luciana Zule encenar algumas histórias de nascimento, com o projeto "Encantadas", de autoria da artista.

"Já estou em conversa com outros artistas para traçarmos as atividades de janeiro a março/2021.

Além dessas produções e transmissões virtuais e/ou online, futuramente com a reabertura pós Pandemia, vamos criar e disponibilizar uma agenda de atividades e visitações, para pequenos grupos de 10 pessoas".

Essa agenda vai agregar atividades como saraus e pequenas apresentações artísticas, com degustação de guloseimas produzidas pela cozinha do Mini Horto_Teatro de Jardim, ações educativas e de arte e natureza para grupos de alunos de escolas públicas. Não vão faltar ideias a serem semeadas.

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