Menino foi morto a tiros durante operação policial. Estava dentro da casa da tia, no Complexo do Salgueiro, com os primos 
 - Arquivo Pessoal
Menino foi morto a tiros durante operação policial. Estava dentro da casa da tia, no Complexo do Salgueiro, com os primos Arquivo Pessoal
Por O Dia

Amanhã, às 10h, será aberta a Sala de Leitura João Pedro Matos Pinto, na Escola Municipal Salgado Filho, no bairro de Itaóca, em São Gonçalo. A homenagem é ao menino João Pedro, que foi morto no dia 18 de maio durante uma operação policial no Conjunto de Favelas do Salgueiro, em São Gonçalo. A abertura desta sala terá transmissão através de videoconferência e contará com a presença ilustre de Paulo Henrique Ganso, jogador do Fluminense, time do Coração de João Pedro. O atleta enviou uma camisa autografada por ele para a família do jovem.

A idealização da Sala de Leituras em homenagem ao menino João Pedro partiu da ONG Afrotribo, que há 13 anos trabalha nas cidades de Niterói, São Gonçalo e Maricá, com atuação marcante no território das comunidades carentes de São Gonçalo. Entre os trabalhos da organização, está o resgaste da auto-estima de jovens negros e valorização da cultura afro-brasileira, a promoção do acesso à cultura de qualidade, nas suas mais diversas linguagens, como literatura, artes visuais, artes cênicas, dança e música.

A presidente da Afrotribo e idealizadora do projeto, Paula Tanga, conta que a escolha da escola para sediar o projeto não foi por acaso. Foi lá a primeira escola de João Pedro e local onde a mãe dele trabalhou por 10 anos. Segundo ela, o tributo também é uma forma de cobrar justiça.

"Essa sala é um manifesto através da literatura para cobrar justiça sobre o que ocorreu com ele. Não podemos deixar que a vida e o nome dele caiam no esquecimento, como vários outros negros que moram em comunidade e morrem inocentemente. Foi uma criança que teve sua vida e seus sonhos interrompidos, então temos que cobrar justiça e estamos fazendo isso num manifesto em forma de homenagem", argumenta Paula.

A tia de João Pedro, dona Denise Roza, conta que ficou muito feliz pela iniciativa e pelo fato da escola escolhida ser bem próxima de onde o menino morava. Denise também destacou a saudade que fica de uma criança brincalhona, caseira e que sempre era capaz de contagiar um ambiente com seu sorriso no rosto.

"Querendo ou não, a gente sempre lembra dele. Para a mãe e para o pai é muito mais difícil e a gente tá sempre conversando e falando sobre ele. Ficamos só com a saudade, com as lembranças boas, mas por enquanto é muito recente pra gente. E temos fé que vai ter justiça, estamos aguardando e confiando em Deus", conclui dona Denise.

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