Enrico Fróes foi várias vezes vítima do preconceito em relação às pessoas que sofrem com o nanismo  - Divulgação
Enrico Fróes foi várias vezes vítima do preconceito em relação às pessoas que sofrem com o nanismo Divulgação
Por O Dia
Niterói - Desde 2017, o dia 25 de outubro é muito especial para aqueles que sofrem muito com o preconceito ainda enraizado sobre o nanismo. Instituído por decreto federal de 2015, o Dia Nacional do Combate ao Preconceito às Pessoas com Nanismo é reconhecido como marco para quem sofre diariamente com a discriminação, e portadores de nanismo travam batalhas diárias para superar as barreiras sociais tanto nas ruas quanto no mercado de trabalho. 
É o caso de Enrico Fróes Rodrigues, de 41 anos. O niteroiense não deixou as imposições sociais barrarem os seus sonhos dentro do mundo corporativo, e lutou bravamente em cargos de liderança em grandes empresas. Imerso no corporativismo desde 2001, Fróes atuou em nacionais e multinacionais para, em 2020, abrir o próprio negócio de consultoria.
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"Comecei como estagiário na IBM, onde trabalhei por oito anos na área financeira; fui Tesoureiro Corporativo de grandes empresas e a minha última posição foi de “Controller Americas” em uma empresa Holandesa do setor de engenharia para prestadores de serviços marítimos. Era responsável pelo acompanhamento financeiro das operações do Uruguay, Colombia, Brasil e EUA”, conta Enrico.

Apesar da brilhante trajetória no ramo corporativo, nem sempre o trajeto foi fácil, e as dificuldades começaram a aparecer logo no começo da carreira. Durante ume entrevista de emprego, ele foi discriminado e ridicularizado com piadas de mau gosto. "Ao chegar na recepção da empresa, tinham duas secretárias que, ao me verem, tiveram uma crise de risos. Uma delas se levantou e saiu rapidamente. A segunda pediu meu nome, etc, mas eu a agradeci e saí. Não fiz a entrevista. Era muito novo e, hoje, certamente conduziria de outra forma", relembra o consultor, com pesar.
No cotidiano, ele observa que ainda há muito a se mudar dentro das cidades, que não tem a estrutura devida para atender pessoa com o nanismo. Quando morava em Niterói e trabalhava no Rio, Enrico acabava precisando de ajuda para acessar as barcas, já que os transportes coletivos não estão 100% preparados. 

"Por centenas de vezes, o desnível entre a barca e o deck onde ela atracava fazia com que eu precisasse recorrer a ajuda para poder embarcar. Outro exemplo que ouço reclamarem bastante é sobre a altura entre o chão e o degrau do ônibus e ainda sobre a altura onde fica o leitor do cartão de vale transporte", lembra.

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Nascimento do Instituto Nacional de Nanismo
Neste ano, o mês de conscientização sobre o nanismo recebe uma notícia boa. No dia 9 de outubro, foi oficializada a criação do primeiro Instituto Nacional de Nanismo. O movimento para a criação de um órgão nacional partiu da mobilização do casal Marlos Nogueira e Juliana Yamin, pais do gigante Gabriel, e apoiados pela ONG Somos Todos Gigantes, que apoia pessoas com nanismo.
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A Somos Todos Gigantes surgiu como campanha em 2015, como forma de reivindicar os direitos de portadores do nanismo. A mobilização surgiu com a ativista Kênia Rios, presidente da Associação de Nanismo do Estado do Rio de Janeiro (ANAERJ), em prol da instituição de uma data no Brasil que fosse referência para o combate ao preconceito contra as pessoas com nanismo.