Por monica.lima
De um lado da instalação, é possível enxergar grandes painéis e dezenas de computadores que piscam informações com a mesma velocidade do vaivém das 160 pessoas que circulam pelo local. Na outra metade da ampla sala, diversos colchões dividem espaço com kits de sobrevivência. Ao centro, um comandante repassa mais uma vez os planos estudados diversas vezes nas últimas semanas. Longe de um cenário de preparação para uma batalha, a sede da VTEX nesta sexta-feira traduz os bastidores do varejo brasileiro para a Black Friday 2014. Por trás dos milhões de cliques esperados na iniciativa, um batalhão de profissionais está de prontidão desde as últimas horas de ontem para garantir o bom andamento da data, que chega à sua quinta edição no Brasil.
“É como se você treinasse trinta dias para fazer a ‘invasão do dia D’. Por mais que você estude qualquer possibilidade de falha, coisas imprevisíveis podem acontecer. E é preciso ter uma tropa de elite pronta para qualquer ajuste e tomada de decisão”, diz Mariano Gomide, executivo-chefe da VTEX, empresa que fornece sistemas na nuvem que controlam todos os processos do e-commerce , desde o catálogo até o pagamento dos pedidos.
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Dona de uma base de 820 clientes — que inclui Boticário, Polishop e as marcas da Whirpool —, a VTEX investiu, por exemplo, US$ 2 milhões em testes diários nas duas últimas semanas para simular o desempenho de seus clientes. Esses testes trabalharam com um volume 5 mil pedidos por minuto. “Nossa expectativa é que a edição deste ano gere um fluxo de vendas dez vezes maior comparado a um dia normal. A projeção é chegar a cerca de 400 mil pedidos na nossa plataforma, ante um volume costumeiro de 30 mil pedidos”, diz Gomide.
Com 90% de sua infraestrutura nos data centers da Amazon Web Services, a empresa tem um contrato de escala ilimitada com a americana, que permite ajustar rapidamente sua infraestrutura à demanda de seus clientes. Durante o dia de hoje, toda a equipe da companhia da equipe estará 100% dedicada ao suporte aos clientes, com o apoio de energéticos, massagistas e camisas com os dizeres “Keep Calm anda Black Friday On”.
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“É realmente uma data atípica. Nossa previsão é ter um número de acessos 300% maior do que um dia normal. Para se ter ideia, é o volume de um mês inteiro”, diz Marco Moreira, vice-presidente de tecnologia do Walmart. Segundo o executivo, a varejista começou a investir em 2013 na modernização de sua infraestrutura para consolidar uma plataforma com capacidade suficiente para suportar os diversos picos sazonais do varejo. Para a Black Friday, somente na área de tecnologia, 300 funcionários estarão envolvidos na operação. “É uma sala de guerra. Nós monitoramos todo o processo de compra e antecipamos qualquer sinal de aumento da demanda”, afirma Moreira.
Os preparativos da Exceda — fornecedora de infraestrutura de disponibilidade, velocidade e segurança para e-commerce — começaram em setembro. Desde então, a empresa vem planejando e configurando as capacidades de seus 40 clientes de e-commerce — nomes como Ponto Frio e Sephora — para a data. Com 2,5 mil servidores no Brasil, a companhia destacou uma equipe 100% dedicada para o período, além de um outro time de suporte, que irá monitorar qualquer distorção e mesmo antecipar eventuais problemas, a partir da análise da evolução dos pedidos. “Alguns sites chegam a ter um tráfego 50 vezes maior nessa ação. A Black Friday já é a data mais importante do e-commerce brasileiro, até mesmo porque ela abre a temporada de compras de fim de ano”, diz Vinicius Agostini, diretor de Marketing da Exceda.
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Essa proximidade com as festas de fim de ano é um dos pontos destacados por Ricardo Jordão Magalhães, diretor de Marketing da Rakuten, fornecedora de plataformas para o e-commerce e que atende 1,2 mil empresas, entre elas, Le Postiche, LG e Panasonic. Para ele, é essencial entregar uma boa experiência a os consumidores, pois essa abordagem abre uma oportunidade para que esse internauta volte a comprar nessa mesma loja no Natal. “Como ganhamos em cima das vendas, temos interesse de que a loja tenha mais visitas. O percentual vai de 1% a 4%, e varia de acordo com o segmento e o tamanho da loja”, explica. “Nossa expectativa é que as vendas das lojas da nossa base de clientes aumentem 35%”.
Segundo Rodrigo Rodrigues, diretor de Tecnologia da Informação da Dafiti, a projeção da varejista é vender sete vezes mais do que em dias normais. Além de reforçar o time de TI, a Dafiti investiu na infraestrutura para aprimorar o desempenho do site. “Na última semana, já conseguimos performar um segundo mais rápido, o que é muito bom para o usuário”, afirma. Durante a ação, a Dafiti também irá monitorar os preços e produtos de concorrentes, para eventuais mudanças em suas ofertas.
Rodrigues destaca ainda outra prioridade para a data. “Nossos investimentos também incluíram o atendimento ao cliente e a logística. As vendas acontecem nos próximos três dias, mas as entregas se concentrarão, principalmente, nos cinco dias seguintes”, diz.
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Empresa de logística do grupo DGB, a Total Express investiu R$ 4 milhões na preparação para a Black Friday e a temporada de compras do fim do ano. “Estamos nos estruturando desde agosto para esse período e fizemos um planejamento em conjunto com nossos principais clientes”, diz Vito Chiarella, executivo-chefe da empresa. A base da Total Express inclui Nova Pontocom, Magazine Luiza.com e Netshoes, entre outros nomes.
Entre outros fatores, o aporte inclui a contratação de 300 funcionários temporários e mais de 700 veículos, que irão se juntar aos 1,4 mil colaboradores e à frota própria de 600 veículos. “Temos um volume médio diário de 80 mil entregas. Hoje, devemos chegar a uma média de 120 mil no fim do ano”, afirma.
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