Crise de energia abre mais espaço para dispositivos nobreaks
Falhas no fornecimento trazem novas oportunidades para os fabricantes. No entanto, o desconhecimento de pequenas e médias empresas e dos consumidores residenciais é um entrave para o setor
Por monica.lima
Rio - Problemas para uns, oportunidade de mercado para outros. As chuvas e também a instabilidade no fornecimento de energia neste verão podem ajudar o crescimento de um segmento: os fabricantes de nobreaks — sistema de alimentação elétrica que, caso haja interrupção no fornecimento de energia, entram em ação fornecendo energia, por um período de tempo, para os dispositivos a eles ligados.
A TS Shara, fabricante nacional desses equipamentos, projeta um crescimento de 15% nas vendas esse ano. Em 2014, a produção média da empresa foi de 18 mil unidades por mês. “Notamos, ao longo dos anos, uma procura cada vez maior por nobreaks, ao passo que a busca por estabilizadores reduziu. Isso se explica muito porque o nobreak é um equipamento mais completo”, explica o CEO da empresa Pedro Sakher Al Shara.
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“Nossa meta é ofertar ao mercado soluções que assegurem autonomia temporária de energia em períodos de apagão, permitindo a continuidade dos negócios e minimizando impactos trazidos por quedas de eletricidade”, completa ele. Atualmente, a TS Shara trabalha com 65% da capacidade de sua fábrica, e já cogita um aumento na produção ainda em 2015.
“Vai depender da resposta do mercado. Temos espaço para subir nossa capacidade de produção. Reduzimos para apenas um turno em 2009, por conta da crise”, explica o executivo da TS Shara.
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O grupo brasileiro Multilaser também já aumentou em 30% as suas encomendas de nobreaks esse ano. A empresa, que antes produzia os equipamentos no Brasil, atualmente importa produtos chineses. Segundo o gerente de Produtos da companhia, Danilo Angi, isso aconteceu porque os benefícios fiscais do governo são inferiores aos custos adicionais de mão de obra com a produção local.
“Ainda não sentimos reflexo nas vendas do último apagão. É muito recente. Mas acreditamos que daqui para frente vamos ter aumento nas vendas, embora ainda não sabemos precisar de quanto será. Mas acreditamos que o incremento acontecerá, principalmente, no mercado corporativo, pois muitas pessoas físicas ainda sequer sabem o que são os nobreaks e para que servem”, diz Angi.
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O desafio é justamente esse, diz a gerente de Marketing da área de IT da Schneider Electric, Ana Carolina Cardoso. Com as grandes companhias já preocupadas em proteger seus equipamentos, o desafio agora é conscientizar pequenas e médias empresas, assim como consumidores residenciais de que não são apenas os desktops e servidores que necessitam de nobreaks, mas também outros equipamentos, como televisores.
“Fizemos uma pesquisa nos nossos pontos de venda, principalmente nas regiões Norte e Nordeste, que mostrou que 40% das pessoas ainda procuram os nobreaks para seus computadores de mesa. Outra grande utilização é para consoles de jogos”, ressalta Ana Carolina.
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Para o executivo da TS Shara, o preço já não é mais um entrave para que o consumidor residencial adquira um nobreak. “Ele hoje é um produto barato. Há produtos a partir de R$ 120 no mercado, o que significa que a compra pode ser feita por pessoas de qualquer classe social”, diz ele.