Por diana.dantas

No princípio dos tempos, a Microsoft era a empresa que a gente adorava odiar. Mantínhamos com 
ela aquela relação delicada, aquela parceira que te incomoda mas da qual você não desgruda. Atração fatal. Ou, lá no fundo, um inveja pura e sincera. Hoje, esse posto é ocupado pelo Facebook. Todo mundo fala mal dele, mas ninguém cai fora.

Bom... agora mesmo fico sabendo que o engenheiro Greg Marra, de apenas 26 anos de idade, é o cara responsável por decidir qual conteúdo será exibido para os usuários do Facebook. Imagine, portanto, não só a responsabilidade, como também o poder que esse camarada tem na manga. Apesar da idade, é ele quem controla, ou pode controlar, o que 1,4 bilhão de usuários estão lendo — e, por conseguinte, escrevendo. É mais ou menos a população da China. O poder do Greg Marra impacta diretamente também sobre o mercado de mídia, que tanto tem apanhado por causa da internet. Calcula-se que, nos EUA, um terço das notícias seja consumido através do Facebook.

Segundo relatório do Instituto Reuters da Universidade de Oxford, citado na Galileu, nas áreas urbanas do Brasil esse volume chega a 67%. Não é por acaso que as empresas de mídia estão cada vez mais atreladas à turma do Mark Zuckerberg. A rede social, lembre-se, não escreve uma linha de conteúdo, mas permite o tráfego - gratuito - de tudo quanto se escreve pelo mundo. Eis aí um excelente negócio, como se sabe. O meio é a mensagem, continua dizendo o Marshall McLuhan, onde quer que ele esteja...

Mas estava falando do Greg Marra. Ele é especialista em robótica e não dá a mínima para questões editoriais — ao menos é o que declara por aí. Só que não. Sua tarefa é justamente controlar o algoritmo que norteia nossos relacionamentos. Isso é muito curioso. Você pode ter mil amigos, mas vai perceber que, obviamente, não aparece o comentário de todo mundo.

E quais comentários vão aparecer no seu feed de notícias? Vão aparecer aqueles que o algoritmo, digamos assim, ‘permite’. E essa é uma decisão baseada em... questões editoriais. Você deixa trafegar na sua rede o que interessa a você. E o que não interessa, acaba esquecido em alguma gaveta. Não é tão difícil entender.

Um dos exemplos já clássicos desse tipo de procedimento ocorreu durante as eleições presidenciais dos EUA em 2012. Na época, dois pesquisadores do Facebook alteraram o conteúdo que estava sendo recebido por cerca de 600 mil usuários. Com isso, disseram eles, conseguiram estimular a participação de muito mais gente no processo eleitoral. Ou seja: a rede tem, sim, o poder de filtrar e, com isso, manipular a ação coletiva.

De minha parte, acho tão genial quanto temeroso, embora a literatura e as ciências sociais já estejam viajando nessa conversa há tempos. No fim das contas, tudo envolve muita inteligência e tecnologia aplicadas a uma maçaroca de informações aparentemente desconexas, produzindo resultados palpáveis. Lindo, mas a gente acaba se sentindo um ratinho de laboratório...

Uma ajudinha para quem precisa

A imprensa tem a mania pouco inteligente (entre outras) de publicar quase nada sobre suicídios. Esse preconceito das antigas deveria ser repensado, pois debater o assunto certamente ajudaria a evitar muitas tristezas. Essa conversa estranha vem a reboque das melhorias que o Facebook está fazendo em sua ferramenta que ajuda justamente a prevenir suicídios. Isso existe?
Pois é. Funciona assim: o sujeito publica uma ou mais mensagens que deixam seus amigos preocupados. Cabe a estes clicar num botão de alerta, que fornece dicas sobre como ajudar o suicida em potencial. Eles também podem até pedir a interferência do Facebook, que pode bloquear a conta do usuário sob suspeita e redirecioná-lo para sites que possam ajudá-lo a desistir da ideia.
Esse serviço ainda não chegou por aqui, nem há previsão, mas mostra, mais uma vez, como a rede pode ser mais útil que de costume. Estima-se em 41 mil o número de suicídios nos EUA, a cada ano. É maior que o total de homicídios e mortes no mesmo período. Gente paca.

Uma semana com muitas novidades

Esta é a semana do Mobile World Congress en Barcelona, mais uma vez realizado em Barcelona. 
A turma está animada, sobretudo, com a presença de um garotão brilhante que está cada vez mais metido na vida de todo o planeta. Chama-se Mark Zuckerberg.


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