Por monica.lima

Rio - Ao contrário dos outros Mundiais, a onda verde-amarela não tomou conta da cidade no ano de Copa do Mundo no Brasil. A tradição de enfeitar as ruas se mantém, porém mais tímida. A maioria dos moradores começou a decoração neste mês, a poucos dias do início da competição. Em anos anteriores,  três meses antes do Mundial, as ruas já estavam 'vestidas' com as cores nacionais. Foi assim na Copa de 1994, ano do tetracampeonato, quando prédios e ruas foram decorados, numa adesão espontânea a um otimismo contagiante pela seleção brasileira.

Prédio decorado para a o Mundial de 1994Paulo Araújo/Agência O Dia
Moradores da rua Jorge Rudge%2C em Vila Isabel, no Rio, decoram a via para a Copa do Mundo da África do Sul, em 2010André Mourão/Agência O Dia

A Copa de 1982, na Espanha, foi um marco na relação dos torcedores brasileiros com o Mundial e a decoração das vias. Embalados por um time que tinha como marca o futebol arte comandado por Zico, Sócrates, Júnior, Falcão e Toninho Cerezo, a certeza da vitória viu nascer torcedores apaixonados, e teve no personagem Pacheco, o camisa 12, a sua referência. Fanático pela seleção, Pacheco foi criado pelo cartunista Peron para a empresa Gilette. A ação de marketing foi um sucesso, Pacheco ganhou vida, animou a torcida e até viajou com a delegação brasileira para a Espanha.


A Copa sediada na Espanha também ficou marcada por um simpático mascote chamado 'Naranjito', o bordão "Bota ponta, Telê", criado por Jô Soares e o samba "Voa, Canarinho voa" composto pelo jogador Júnior; mas veio a tragédia no estádio de Sarriá. O Brasil foi eliminado pela Itália por 3 a 2 e o sonho do tetra foi adiado para 1994.

Zico comemora seu gol contra a Argentina na Copa de 1982%2C em Barcelona%2C na Espanha. De costas o goleiro Ubaldo Fillol. O Brasil venceu o time argentino com o placar de 3X1Staff/AFP


Em 2014, o posicionamento mais crítico em relação às prioridades do país motivou a mudança de comportamento a ponto das hashtags #naovaitercopa #vaitercopa serem criadas.  As recentes manifestações nas ruas e nas redes sociais mudaram também a forma de se decorar as ruas: a crítica social está presente em algumas das que já estão enfeitadas. A paixão nacional pelo futebol continua, mas parece dar um recado de que não é cega.

Pintura na rua Dias da Cruz%2C no bairro do Méier%2C no Rio%2C faz protesto a Copa do Mundo 2014Alessandro Costa/Agência O Dia


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