Por monica.lima
Tom Zé lança "Vira lata na Via Láctea" hoje no Sesc Vila Mariana%2C em São Paulo André Conti

‘Desde que nasci, em 1936, na Idade Média em Irará, Bahia, eu, que fui criado em uma família católica, aprendi que Deus era o único que tinha a capacidade da obliquidade, ou seja, de estar em todos os lugares ao mesmo tempo", introduz Tom Zé ao explicar o ponto de partida e a primeira faixa de seu novo disco, "Vira lata na Via Láctea", o primeiro sem um tema condutor desde 1976, que será lançado hoje, em um show no Sesc Vila Mariana, em São Paulo. No álbum, muitas parcerias, costuradas pelo diretor artístico Marcus Preto, com Filarmônica de Pasárgada, Kiko Dinucci, O Terno, Rodrigo Campos, Silva, Tatá Aeroplano, Trupe Chá de Boldo, Milton Nascimento, que empresta sua voz para homenagear Elis Regina, na faixa "Pour Elis", Caetano Veloso, na inédita "A Pequena Suburbana", e Criolo, em "Banca de Jornal".

A exclusividade da obliquidade a Deus, conceito que o acompanhava desde a infância, mudou quando o músico e compositor leu os livros de Lucia Santaella, professora de Semiótica da Escola de Comunicação e Artes da USP (ECA), discípula de Charles Peirce. Tom Zé se deparou com o paradoxo da Geração Y, que graças ao evento dos aparelhos sem fio, chamados de wireless, está presente simultaneamente em qualquer espaço do mundo. "Com essa nova qualificação do ser humano, ele pode desfrutar da obliquidade. Eu estava no meio dessa reflexão, desse questionamento, quando li duas matérias em jornais sobre essa geração, que tem como uma de suas principais características a busca pela ética.”

“Essa moçada não quer só emprego, mas quer trabalhar em uma empresa que tenha compromissos éticos perante a sociedade. E no meio disso tudo houve as manifestações do ano passado. Parecia que a ética e a boa vontade iriam tomar conta do mundo neste século. Mas aí o movimento, que começou espontaneamente, foi invadido por ativistas e políticos e aí... putaqueopariu [ele interrompe a frase para pedir desculpas pelo palavrão], os partidos com seus hábitos porcos contaminaram tudo”, explica.

A partir disso ele compôs a música “Geração Y”, que fala sobre o desafio desses jovens de governar o país daqui a alguns anos.

Tom Zé é visceral. E não apenas quando está no palco. Ao entrar no tema política, ele não se contém. “Eu fiquei decepcionadíssimo com os discursos políticos nesta eleição. Continuo sendo PT (Partido dos Trabalhadores), mas acho que a presidenta Dilma Rousseff deveria ter feito um discurso mais humilde ao vencer a reeleição, convocando a oposição para esse governo, para poder fazer as reformas de que o país precisa”, dispara. “Lula é um gênio e mesmo sem frequentar os bancos escolares ele consegue se expressar melhor do que muitos alunos cultos, mas está com Deus na barriga e pairando no Olimpo, e acha que pode dizer qualquer coisa. Paulo Freire, que foi um dos fundadores do PT, dizia que quando o operário vira protagonista ele age como opressor. Quem vai responder pela desmoralização do Suplicy [Eduardo Suplicy, candidato ao Senado por São Paulo e que não foi eleito no último pleito]?” E justamente desse terreno nebuloso que, segundo ele, há entre os partidos de direita e de esquerda no país, nasceu a composição “Esquerda, Grana e Direita”, em que ele cita o educador Paulo Freire.

Sua cidade natal na Bahia, Irará, que ele define como um lugar que há séculos não ultrapassa a marca de três mil habitantes e para onde ele escapa sempre que tem oportunidade, é o tema da canção “Irará Irá Lá”. Ali, diversos amigos de infância e personagens são homenageados. O motivo? A timidez abissal que Tom Zé diz sofrer, que era amenizada pelos conterrâneos. “Me tornei um leitor porque não saia muito de casa e frequentava a biblioteca da casa da minha avó. Fui uma criança muito doente, tinha asma e passei a ter delírios aos dez anos de idade. Aos 15 anos, as visões sumiram, mas a asma voltou.”

No dueto com Milton Nascimento, feito à distância, já que o mineiro estava viajando, a inspiração veio das cartas escritas por Fernando Faro, em que ele homenageava Elis Regina, em meados dos anos 80. Na letra, os versos, com a prosa própria do compositor, a fatalidade versa sobre a mulher que vai se desfazendo da matéria e ascende como estrela, se perpetuando ao longo do tempo.

Com 14 faixas, o disco aborda ainda discussões sobre o novo Papa, “o primeiro pontífice humano em muito tempo”; a mídia, na faixa “Banca de Jornal”; já em “Guga na Lavagem” ele celebra seu irmão Guga, tudo embalado pela estética sonora do baiano, que aos 78 anos mantém a curiosidade (tema de “Salva Humanidade”, em parceria com Elifas Andreato) e o pique a mil. Axé!

Feira PARTE reúne 44 galerias do Brasil e do exterior no Paço das Artes, em SP

 partir da próxima quarta-feira, dia 05, até domingo, dia 9, acontece a quarta edição da PARTE — Feira de Arte Contemporânea, no Paço das Artes, na Cidade Universitária da USP, em São Paulo. O evento, que cresce a cada ano, traz nesta edição 36 galerias de todo o Brasil, além de oito internacionais.

Entre os principais nomes estrangeiros em exibição estão a Gachi Prieto Gallery e Pabellón4 Arte Contemporáneo, de Buenos Aires, PSH Projects, de La Paz, e a ArtNexus Editions, de Miami. Os destaques brasileiros são as paulistanas Galeria Lume, Galeria Mezanino e Dconcept Escritório de Arte, e a carioca Muv Gallery. A PARTE, produzida por Lina Wurzmann e Tamara Perlman, tem como objetivo mostrar um recorte da produção de arte recente e acessível. Entre pinturas, esculturas, fotografias e gravuras expostas na feira, o valor da maior parte das obras gira em torno de R$ 5 mil.

“Queremos levar a arte para a vida das pessoas e, assim, ampliar o número de colecionadores iniciantes e consumidores do mercado primário de arte. A PARTE é uma ótima oportunidade para quem deseja começar sua coleção”, afirma Tamara.

ONDE ASSISTIR

Feira PARTE acontece no Paço das Artes, que fica na Avenida da Universidade nº 1, na USP. Dias 6 e 7/11, das 14h às 22h. Dias 8 e 9 /11, das 12h às 20h.

Intensidade de Van Gogh inspira espetáculo de dança

Com inspiração nas obras de Van Gogh, o espetáculo de dança “Girassóis”, da Companhia Druw, fica em exibição na Caixa Cultural do Rio até domingo, dia 02. Na apresentação, personagens de telas famosas ganham vida por meio de uma dança frenética, em referência às pinceladas expressivas e carregadas de energia do pintor.

Os famosos quadros de Van Gogh “Camponeses”, “Comedores de Batatas”, “Semeador”, “Noite Estrelada”, “O Quarto”, “Casa Amarela” e “Girassóis”, serviram de inspiração à diretora Miriam Druwe, também responsável pela concepção e pelo roteiro do espetáculo. Entre pesquisa, criação e produção, foram 10 meses de trabalho. “Um dos desafios da composição das imagens foi buscar nas telas de Van Gogh e nos corpos dos bailarinos as sensações da pintura ágil do artista. Algumas foram utilizadas na composição do vídeo-cenário e outras nos próprios corpos”, explica Miriam. A Caixa Cultural Rio fica na Av. Almirante Barroso, 25, no Centro.

NOTAS

Vida e a obra de Inezita Barroso chega às livrarias

Na próxima quinta-feira, dia 06, o livro “Inezita Barroso – Rainha da música caipira”, de Carlos Eduardo Oliveira, será lançado na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, em São Paulo, às 19h30. Construído a partir de relatos da própria artista, o livro apresenta a biografia de Inezita, uma das mais autênticas artistas da música popular brasileira. Entre as histórias, ela conta os obstáculos que enfrentou para ganhar espaço no mercado da música, além de relatar casos de figuras como Silvio Santos e Juscelino Kubitschek.

Episódios da série ‘Cantoras do Brasil’ agora em DVD e CD

A série“Cantoras do Brasil” já está à venda nas lojas em formato de CD e DVD. O material, fruto de uma série de 13 episódios produzidos pelo Canal Brasil, foi ao ar em 2012. Nos episódios, a nova geração de cantoras brasileira revisita obras de divas do passado.

‘Banda do Mar’ ganha versão em LP, pela Noize Records

Após a grande repercussão do CD de estreia da Banda do Mar, o NOIZE Record Club, primeiro clube de assinatura de discos de vinil da América Latina, produziu uma versão em LP do álbum. Para assinar basta acessar: noize.com.br

Sexta-feira é dia de debate no Auditório Ibirapuera, em SP

Hoje, a partir das 21h, será exibido o filme “Ilegal”, de Tarso Araujo e Raphael Erichsen, no Auditório Ibirapuera, em São Paulo. Após a projeção, acontece um debate sobre legalização da maconha. Entre os convidados estão Jean Wyllys e Fernando Grostein.

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