Por monica.lima
A exposição apresenta 150 peças criadas por Arthur Bispo do RosárioDivulgação

Consagrado na cena artística contemporânea, após anos perpassando linha tênue que separa a realidade e o delírio, Arthur Bispo do Rosário ganha sua primeira grande exposição no Museu Bispo do Rosário de Arte Contemporânea no Rio de Janeiro. O espaço, que se localiza nas dependências do antigo hospital psiquiátrico Colônia Juliano Moreira, está passando por um processo de revitalização que tem como objetivo o consolidar como local de referência da obra de Bispo do Rosário e integrar o circuito de artes carioca. A partir de amanhã, a exposição “Um Canto, Dois Sertões: Bispo de Rosário e os 90 Anos da Colônia Juliano Moreira” apresenta 150 peças criadas pelo artista e outras 50 obras de dez artistas convidados. Pela primeira vez, uma exposição de Bispo do Rosário estará contextualizada dentro dos dois universos que influenciaram sua obra: a Colônia, onde viveu por 50 anos, e Japaratuba, em Sergipe, sua cidade natal. “Os dois ‘sertões’ de Bispo do Rosário”, como ressalta o curador da exposição, Marcelo Campos.

“Um Canto, Dois Sertões” é parte do processo de apresentação da nova fase do Museu Bispo do Rosário, segundo a nova diretora do Museu, a psiquiatra Raquel Fernandes, que assumiu o cargo em 2013. Integra também a nova equipe o curador Ricardo Resende, recém-chegado do Centro Cultural São Paulo.

“Depois de trabalhar para consolidar a imagem do Bispo como artista reconhecido, resolvemos focar em fortalecer o Museu. Esse trabalho já se iniciou ano passado com as quatro mostras que expomos no segundo semestre, que articulavam obra e conceito do artista. A relevância desse museu traz à tona as articulações que o Bispo pode fazer, por meio da arte, com diversos campos do saber, como a saúde mental, a psiquiatria, a antropologia”, explica Raquel.

A fim de recriar o universo lúdico do artista, uma equipe do Museu viajou para Sergipe. Lá encontraram muitos dos elementos que o influenciaram em seus primeiros anos de vida, como as festas de Reis, as Cheganças, os quilombolas. “Com a viagem, tornou-se clara a relação de Bispo com a cultura popular. Os adornos e adereços, como fitas, espelhos, mantos, uniformes — presentes em sua obra — estão mais do que misturados às atividades folclóricas de Sergipe”, acrescenta o curador da mostra, Marcelo Campos.

Para fazer referência à terra natal de Bispo do Rosário, uma dupla de músicos, Felipe Julian e Sandra Ximenez, trarão uma peça sonora, mesclando sons de Chegança, vozes do Bispo e a leitura de contos de Guimarães Rosa sobre a loucura. Além disso, Caio Reisewitz, artista paulistano que trabalha com fotografia, vai apresentar um trabalho inédito com imagens do sertão brasileiro, além de fotos feitas quando ele visitou a Colônia Juliano Moreira. As obras fazem parte do núcleo “O nascimento”.

A mostra ainda exibe outros dois núcleos “A colônia” e “Mundos inventados” para contar a história do artista. Além das obras, textos e materiais biográfico enriquecem a exposição e mudam a maneira de se observar, estudar e contextualizar a obra de Bispo do Rosário na arte contemporânea. Mariana Pitasse (mariana.pitasse@brasileconomico.com.br)

ONDE CONFERIR

“Um Canto, Dois Sertões” fica aberta até 31/10, no Museu Bispo do Rosário. Estrada Rodrigues Caldas, 2151, em Jacarepaguá, no Rio. Todo último sábado do mês haverá um serviço de transporte terceirizado, saindo do MAM, MAR e Parque Lage. O custo total do serviço é de R$30. Agendamentos pelo telefone: (21) 3432-2402.

Arte brasileira é foco de exposição na Casa Daros

A exposição “Made in Brasil”, aberta no último sábado, reúne pela primeira vez somente obras de artistas brasileiros no espaço expositivo da Casa Daros. Apresentando 60 peças de artistas nacionais com projeção internacional pertencentes à Coleção Daros Latinamerica, de Zurique, na Suíça, a mostra movimentou 3 mil visitantes no primeiro fim de semana em exibição.

Para compor a exposição, a curadoria assinada por Hans-Michael Herzog e Katrin Steffen, escolheu nomes como Antonio Dias, Cildo Meireles, Ernesto Neto, José Damasceno, Miguel Rio Branco, Milton Machado, Vik Muniz e Waltercio Caldas.

Segundo os curadores, as qualidades individuais dos artistas são muito singulares para que resultem em uma visão geral homogênea. Ao contrário, eles têm um perfil variado, e representam o gigantesco cenário da potência artística brasileira dos anos recentes, “que aqui é evidenciado na soberba série de trabalhos de cada um deles”, explicam.

Como parte da agenda que compõe a exposição, no próximo dia 11, acontece o lançamento do livro-obra “Galáxias”, do artista plástico Antonio Dias, que ficará em exibição durante o período de “Made in Brasil” na Casa Daros.

ONDE ASSISTIR

A exposição “Made in Brasil” permanece aberta até 9 de agosto na Casa Daros. Rua General Severiano, 159, em Botafogo, no Rio.

Picasso e modernistas espanhóis desembarcam em SP

Na semana em que o quadro “Les Femmes d'Alger” de Pablo Picasso foi colocado em leilão pela Christie's e avaliado em US$ 140 milhões — valor mais alto estipulado pela casa de leilão —, a exposição “Picasso e a modernidade espanhola” estreou no Centro Cultural do Banco do Brasil, em São Paulo.

Em parceria com uma das mais destacadas instituições dedicadas à arte moderna, o Museo Reina Sofía, de Madri, Espanha, o CCBB apresenta as diferentes abordagens sobre as contribuições do fundador do Cubismo e de seus contemporâneos ao cenário internacional da arte.

Com curadoria de Eugenio Carmona, professor de História da Arte da Universidade de Málaga, a exposição conta com 90 obras e fica em cartaz até 8 de junho na capital paulista. Em seguida, segue para o CCBB do Rio de Janeiro, com abertura dia 24 de junho.

A mostra destaca a forma como Picasso concebeu a modernidade e como influenciou ou se relacionou com os principais criadores espanhóis da época. Além disso, apresenta os diálogos, inter-relações e desafios que se estabeleceram entre o artista e Juan Gris, Miró, Dalí, Julio González, Óscar Domínguez e o conjunto de mestres espanhóis da arte moderna.

NOTAS

Donato e Chuchu Valdés na Sala Cecília Meireles

O brasileiro João Donato e o cubano Chucho Valdés vão protagonizar um encontro de gigantes do piano latino nesse domingo na Sala Cecília Meireles, no Rio. A apresentação acontece em suas sessões, às 17h e 20h, como parte da série “Sala Jazz”. Entradas à venda no ingresso.com.

Nova ‘Serrote’, do Instituto Moreira Salles, já à venda

A nova revista de ensaios ‘Serrote’ já está à venda. Do desafio da cultura do déficit de atenção aos julgamentos que acontecem diariamente nas redes sociais, a edição número 19 da revista traz artigos assinados pela romancista Mary Gordon, o filósofo Cristoph Türcke e o vídeo artista Hito Steyrel.

Últimos dias de ‘A rainha e o lugar’ no Sesc Rio

Até domingo, fica em cartaz o solo “A rainha e o lugar” da bailarina Andrea Jabor no Espaço Sesc, em Copacabana. O espetáculo expõe o corpo como instrumento de poder através da relação da intérprete com vídeos, ambientes sonoros, vestimentas e objetos. As apresentações acontecem às 21h.

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