Utilizando apenas a linguagem dos movimentos, os bailarinos Israel Galván, da Espanha, e Akram Khan, de Bangladesh, criaram a coreografia do espetáculo “Torobaka” sem falar uma palavra do mesmo idioma. Para a apresentação, os artistas misturaram traços de danças que transbordam tradição: o flamenco e o kathak, dança típica indiana. O dueto é o espetáculo de abertura da terceira edição do Festival O Boticário na Dança, em São Paulo, na próxima quarta-feira, 6 de maio, e também tem apresentação no Rio, na sexta-feira (8). “O grande tema dessa edição são grandes encontros e ‘Torobaka’ resume bem essa relação. Queremos mostrar o que há de melhor no mundo da dança contemporânea, promovendo um intercâmbio, porque o movimento é uma linguagem que se compreende em qualquer lugar do mundo”, afirma Sheyla Costa, que assina a curadoria ao lado de Dieder Jaenicke. Durante cinco dias, o Festival O Boticário na Dança movimenta os palcos do Theatro Municipal, no Rio, e do Auditório Ibirapuera, em São Paulo, com alguns dos mais respeitados grupos brasileiros e internacionais. Ainda como parte da programação, as companhias comandam workshops abertos ao público sobre técnica e movimento.
A noite de abertura do Festival O Boticário na Dança, no Rio, fica por conta do grupo inglês Michael Clark Company e o espetáculo “animal / vegetable / mineral”, que será apresentado pela primeira vez fora da Europa. Considerado o bailarino “punk” da dança, Clark mistura rock’n’roll à técnica do ballet clássico.
“Ele consegue transitar entre o clássico e o contemporâneo de forma magistral. Ao som de David Bowie e Sex Pistols, a coreografia da Michael Clark Company pode ser resumida à ‘rock nas pontas’, com muito estilo”, acrescenta a curadora Sheyla Costa.
Além de Israel Galvan, Akram Khan e Michael Clark, completa a programação internacional do festival a companhia sueca Cullberg Ballet, que apresentará o sofisticado espetáculo “11th Floor”, coreografado com exclusividade para a companhia por Edouard Lock.
O festival conta ainda com quatro espetáculos de companhias brasileiras divididos pelas duas cidades. No Rio, o Balé da Cidade de São Paulo apresenta as montagens “Cantata” e “Cacti” no domingo, dia 10. “Cacti” foi criada pelo coreógrafo sueco Alexander Ekman. “O Balé da Cidade de São Paulo foi escolhido, ao lado de outras cinco companhias de dança espalhadas pelo mundo, para representar a montagem. Com cada companhia, o coreógrafo exibe um novo espetáculo. É um trabalho de precisão e ousadia”, explica.
No mesmo dia, em São Paulo, ainda se apresenta a Raça Cia. de Dança com o espetáculo “Tango sob dois olhares”. Também na capital paulista, a coreografia “PAI”, da Cia. Antonio Nóbrega de Dança, tem estreia mundial na sexta-feira, dia 8. “Não temos muitos detalhes, o espetáculo será visto pela primeira vez por alguém de fora da companhia nos palcos do Auditório Ibirapuera. Estamos apostando nessa apresentação”, explica.
O Festival faz parte da plataforma O Boticário na Dança, que consolida a marca como uma das grandes apoiadoras da dança no Brasil. Neste ano, serão patrocinados 40 projetos, totalizando investimentos de R$ 6,8 milhões via leis de incentivo a companhias, festivais e projetos audiovisuais e de formação de bailarinos ligados à arte.
ONDE ASSISTIR
O festival acontece de 06 a 10/05 no Theatro Municipal, no Rio, e Auditório Ibirapuera, em São Paulo. Mais informações no site: oboticarionadanca.com.br
‘Não quero ter pra sempre a testa de cartunista, acho triste ficar amarrado em uma coisa só’, diz o quadrinista poeta e artista pástico André Dahmer
Transitando entre diversas linguagens, André Dahmer ficou conhecido pelas tirinhas “Malvados”. Após o sucesso como quadrinista, o carioca lança no mês de maio seu terceiro livro de poemas “A Coragem do Primeiro Pássaro” pela editora independente Lote 42.
Por que lançar um livro de poemas?
Esse é meu terceiro livro de poemas. Não quero ter pra sempre a testa de cartunista, tenho músicas, poemas, outros desenhos. Não estou lamentando, gosto muito do meu trabalho como cartunista, representa muito do meu crescimento como pessoal e como profissional, mas acho muito triste ficar amarrado em uma coisa só.
Qual a principal diferença entre as duas linguagens?
Nos quadrinhos você tem uma máscara, na poesia não. Mas isso não quer dizer que por estar escrito na primeira pessoa seja uma obra autobiográfica. Claro que de alguma forma eu passei por essas experiências, mas esse livro é sobre cair e levantar. Todo mundo cai e levanta, alguns não levantam. É um sentimento universal. Por isso, na dedicatória, escrevi: “Para você”, pois serve para todos.
O formato do livro é simples e direto. Por que fez essa opção?
Queria menos enfeite possível porque acho que a estética é o que menos importa neste livro. Queria algo mais cru. Para o meu trabalho, de modo geral, assumo que quanto mais simples, melhor. Meus desenhos refletem isso. Alguns amigos meus brincaram que dessa vez não ia ter desenhinhos para disfarçar. Dessa vez, eu não queria desenhos de jeito nenhum, mesmo, pois percebi que estava na hora de fazer um livro de texto. Ele é mais maduro que os outros e bem melhor que. É um livro com muita verdade, que é o que interessa.
Alguns poemas tem um quê do personagem “Terêncio Horto”. Você identifica essa similaridade?
O livro do Terêncio foi feito na mesma época, mas não acho que tenha a ver, partindo do meu ponto de vista que é de dentro. Talvez de fora tenha sentido essa análise. O livro é fruto de uma época que escrevia muita poesia. Para composição dele joguei fora uns 40 textos, porque tinha que prestar. Graças a Deus tenho bons amigos que metem o pau. “Pô, André, você não vai passar vergonha com isso não, tira daí”, diziam. Nessa altura da vida, minha luta é para não passar vergonha. Mas quanto a esse livro, não estou com medo, porque ele é verdadeiro. Ele não é uma obra prima da literatura, não quero ser reconhecido como poeta. Eu já tenho meu trabalho, mas também quero ter liberdade de fazer o que quiser. Pensando bem, seria muito melhor ser enterrado como poeta do que como quadrinista (risos).
Quais são seus próximos projetos?
Tenho dois livros assinados com a Companhia das Letras e eles me pediram um segundo de quadrinhos ainda este ano. Escolhi mandar “Quadrinhos dos anos 10”, porque não dá pra lançar eles nos anos 20. E 15 é um bom número. Estamos no meio da década.
LANÇAMENTO:
No Rio, dia 06/05, 19h, na Livraria da Travessa de Botafogo.
Em São Paulo, dia 09/05, às 16h20, na Banca Tatuí, Vila Buarque.
NOTAS
Montanhismo em destaque no feriado
A partir de amanhã, até domingo, está aberta a “2ª Semana Brasileira de Montanhismo - Rio nas Montanhas”, no Rio. Entre as atrações estão oficinas de slackline e campeonato de boulder (escalada em blocos de pedra). Inscrição no site www.rionasmontanhas.com.
Bar cria programação para dia de ‘Star Wars’
No dia mundial da saga Star Wars, 4/05, os fãs podem comemorar com a programação do Cine Botequim, no Rio. Além dos filmes, o bar oferece “Combinado do Jedi”: chope Heineken e coxinha de massa verde recheada com galinha aos quatro queijos.
Instagram lança seu primeiro canal voltado para o conteúdo musical
O Instagram lançou um canal especialmente dedicado à música na última quarta-feira. A conta “@Music”, primeira plataforma de conteúdo deste estilo dirigida pela rede social, vai promover semanalmente um artista revelação e oferecer um olhar por trás dos bastidores de um músico. O Instagram é muito usado por músicos para se comunicar com seus fãs e mostrar de fotos profissionais a fatos banais de suas vidas. AFP