Por leandro.eiro

Rio - Até 2020, o Brasil adotará um novo sistema de rotulagem nutricional dos alimentos, com o objetivo de tornar mais claras as informações para a população. Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), algumas propostas estão sendo analisadas por um grupo de trabalho e, em uma etapa seguinte, haverá uma consulta pública sobre o tema. A ideia é que as embalagens passem a apresentar, na parte da frente, alertas sobre a quantidade de determinadas substâncias.

Modelo da Abia utiliza cores para classificar os teores dos nutrientesDivulgação

Um dos projetos em estudo foi sugerido pela Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia). Baseada no modelo vigente na Grã-Bretanha, a entidade defende uma rotulagem frontal que indique os valores dos nutrientes por porção, com ícones coloridos para os teores de sódio, açúcares totais e gorduras saturadas. A cor vermelha mostraria ao consumidor a necessidade de controlar o consumo daquele componente, pois, só com o alimento em questão, a recomendação diária estaria próxima de ser alcançada. Levando em conta a mesma referência, o amarelo demandaria atenção na ingestão do nutriente, enquanto o verde liberaria o consumidor de maiores preocupações.

Segundo a diretora de Relações Institucionais da Abia, Daniella Cunha, a escolha de destacar as quantidades de sódio, açúcares totais e gorduras saturadas nas embalagens foi feita a partir de levantamentos preliminares, que apontam que tais dados são os mais procurados nos rótulos. Entre os trabalhos utilizados pela associação para elaborar a proposta, está uma revisão bibliográfica realizada pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas em Alimentação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Proposta do Idec%3A triângulos chamam atenção para algumas substâncias e os limites dos valores diários de referênciaDivulgação

"A rotulagem faz parte da educação nutricional. É importante empoderar as pessoas para que elas façam suas escolhas alimentares", afirma a nutricionista Márcia Terra, membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição (Sban). Para a nutricionista e fitoterapeuta Vanderlí Marchiori, o rótulo frontal é uma estratégia que tem como objetivo ampliar o olhar do consumidor para as informações sobre a composição dos alimentos. "Estamos começando a capacitar a população para terem um melhor entendimento do que está escrito ali. Se conseguirmos isso, será um grande ganho. Hoje, o maior desafio é fazer com que se deixe de observar só o valor calórico", diz a especialista em nutrição clínica funcional e conselheira da Associação Brasileira de Nutrição Esportiva.

A Anvisa também analisa o modelo de rotulagem frontal adotado no Chile, onde as embalagens vêm com alertas em formato de octógono, semelhantes a placas de trânsito, sobre o excesso de um ou outro componente no alimento. Outra proposta, cujo principal desenvolvedor é o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, sugere triângulos pretos para advertir sobre características marcantes dos produtos. O projeto, elaborado em conjunto com pesquisadores do curso de Design da Universidade Federal do Paraná, ainda prevê que itens cujo consumo possa ter consequências nocivas para a saúde não tragam anúncios considerados positivos, como 'fonte de vitaminas'.

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