Por leandro.eiro

Rio - Linda, jovem e universitária. Após o fim de semana, ela liga na segunda-feira para o trabalho, diz que se acidentou e avisa sobre o atestado médico para ficar dois dias em casa não era nada muito grave. No mesmo dia, a estagiária sobe em um prédio do centro do Rio e salta do 21º andar.

Sistema de informação sobre mortalidade indica aumento de suicídios entre as causas de morteDivulgação

Ouvi essa história de um amigo e veio logo a pergunta: 'Por que atentar contra a própria vida?'. Em geral, o suicídio é ligado a problemas de saúde mental. Segundo o Centro de Valorização da Vida (CVV), o suicídio continua sendo um tabu para a maioria das pessoas. É um assunto proibido.

A imprensa não gosta de falar de suicídio. Toma como base o episódio sobre um livro do escritor alemão Goethe Os sofrimentos do jovem Werther, de 1774 , em que o personagem principal se mata, e que teria estimulado o suicídio de centenas de jovens. Alguns se vestiam como o protagonista do livro, outros adotaram o mesmo método para morrer.

Em 2016, o Ministério da Saúde criou a Notificação Compulsória para violência interpessoal, com prazo de sete dias, e imediata (24 horas), para violência sexual e autoprovocada (tentativa de suicídio e suicídio). No Rio, a organização da Rede de Atenção e da Vigilância em Saúde, para abordar a questão da violência autoprovocada, revelou nos últimos anos um cenário grave, até então sem ações sistemáticas de saúde pública.

Dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) indicam aumento da proporção de suicídios entre as causas de morte. As tentativas de suicídio apresentaram aumento proporcional das notificações: de 2% para 13,3% em relação ao total de violências notificadas de 2010 a 2016, sendo 68,7% mulheres; 74,2% adultos, a maior parte entre 20 e 29 anos (26,2%).

O retrato do problema motivou a publicação do Guia de Referência Rápida para Avaliação do Risco de Suicídio e sua Prevenção (http://subpav.org/download/prot/Guia_Suicidio.pdf), que enfatiza a comunicação como ferramenta efetiva na promoção à saúde e prevenção do suicídio. É preciso falar abertamente sobre o assunto.

Quem assina a coluna é o Dr. Carlos Eduardo, cardiologista e vereador na cidade do Rio

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