Além do aumento de temperaturas, esse período também é marcado por poucas chuvasArquivo

Volta Redonda - O início da primavera, no último domingo (22), pode dar a impressão de que o risco de queimadas diminui com a chegada da “estação das flores”. Porém, a Defesa Civil de Volta Redonda e a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA) alertam: a primavera pode até ser mais “colorida” que o inverno, mas o risco de ocorrências de queimadas e alastramento do fogo são maiores, pois, além do aumento de temperaturas, esse período também é marcado por poucas chuvas – o que potencializa o risco de incêndios.
“O risco, agora, é maior”, afirma o coordenador da Defesa Civil no município, Rubens Siqueira. “Porque nós tivemos um inverno ‘inexistente’, e agora nós temos uma estação em que temos uma probabilidade de maior estiagem, final de setembro, mais outubro, novembro. E, ao mesmo tempo, temos que nos preparar para o período de chuvas, mesmo com a situação climática propícia ao aumento do calor.”
O secretário municipal de Meio Ambiente, Anderson Silva, diz que não basta apenas prevenir, mas também estar sempre um passo à frente, uma vez que as queimadas são recorrentes e, em sua maioria, têm origem pela ação humana.
“Volta Redonda tem sido assolada por incêndios provocados, que são a maioria das ocorrências. Por isso, precisamos do feedback e da parceria da população, seja avisando das queimadas ou denunciando. Existem áreas de difícil acesso que o morador que reside naquela localidade sabe os pontos que precisa de ações de prevenção. Além disso, não adianta, por exemplo, realizar a poda e deixar aquela vegetação secando na beirada da calçada, embaixo de uma rede elétrica, pois alguém pode colocar fogo e causar transtornos; tem que descartar no local adequado. E compreender que para fazer uma poda de árvore é preciso de autorização da Secretaria de Meio Ambiente.”
Rubens Siqueira reforça a importância do contato do Poder Público com a população. “Quando o Poder Público se faz presente, as orientações chegam de maneira clara, objetiva, e a população se sente acolhida. É importante levar as instruções comportamentais, mas também a legislação e explicar os danos que a pessoa pode causar para si, a sua família, ao seu vizinho; levar a reflexão que isso não deve ser feito em hipótese alguma”, diz.
Por essa razão, o coordenador da Defesa Civil diz que o órgão se coloca à disposição para realizar palestras com os moradores, repassando informações e orientações necessárias.
Prevenção
Como o fogo não espera, Anderson e Rubens adiantam algumas ações de prevenção às queimadas ou como agir caso o incêndio tenha começado.
“Em primeiro lugar: não realize nenhum tipo de capina irregular, sem recolher o material, pois pode virar um foco de incêndio caso o mato fique seco e alguém coloque fogo nele. É a mesma situação, só reforçando, em relação às podas, não deixar galhos e folhas abandonados na rua”, disse Anderson, que ainda alerta sobre outros materiais deixados em locais de descarte irregular. “Em hipótese alguma criar os bota-foras, em que encontramos móveis, bolsas de lixo que podem servir de material para o alastramento do fogo.”
O secretário de Meio Ambiente acrescenta que a SMMA, quando chega o período de estiagem, notifica de forma automática os proprietários de terrenos que constam como lotes vagos quanto à limpeza das propriedades. “Se o proprietário não fizer a limpeza, a gente pode autuar, mandar para a Secretaria de Serviços Públicos (SMSP) fazer e depois colocar a cobrança no IPTU.
Rubens Siqueir não só pede, mais uma vez, que a população não provoque as queimadas, mas que denuncie qualquer irregularidade que observar. “Nós temos o 156, que é a Central de Atendimento Único (CAU) do município, além dos números do Corpo de Bombeiros (193), nosso número da Defesa Civil (199), o 190 da Polícia Militar. E sempre lembrando que o anonimato da denúncia é garantido pela Constituição.”
Como agir
Caso o morador se depare com fogo em um terreno, às margens de rios e córregos ou numa caçamba, entre outros, o primeiro passo, como explica Anderson, é ligar para os órgãos competentes, se possível com a identificação do responsável pelo início do fogo. Rubens Siqueira complementa que, caso o incêndio esteja bem no início e seja de pequenas proporções, o morador pode tentar o combate inicial se tiver os meios apropriados.
"Agora, se for um incêndio de média ou grande proporção, não se deve agir, mesmo que tenha os mecanismos apropriados. Normalmente a pessoa não tem o conhecimento de ataque às chamas, e aí você pode virar uma vítima em potencial. Ao mesmo tempo, mesmo que seja um foco pequeno, recomendamos que alertem a Defesa Civil, os Bombeiros, antes que o fogo se alastre e a situação fique mais complicada”, orienta.
Sobre as complicações, Rubens também orienta o morador que, caso ele perceba o risco de que as chamas cheguem ao seu imóvel – e que o combate não chegará a tempo –, retire os itens de extrema necessidade e feche sua casa.
“Não tente o enfrentamento nesse caso, em hipótese alguma. É fechar a residência, retirar aquilo que você consegue, os animais de estimação, e esperar as unidades de resposta chegarem. Não tenha dúvida. Combater o fogo, nesse caso, é algo extremamente perigoso.”
Por fim, Anderson Silva alerta que os efeitos nocivos das queimadas sobre o meio ambiente podem durar décadas, e que nem sempre a recuperação será completa.
“A recuperação desse dano não se dá de um período para outro. Uma árvore, por exemplo, pode levar pelo menos 20 anos para dar uma resposta para a população. E aí, quando você faz uma queimada, aquela árvore não terá mais aquela eficiência em determinadas situações, você exaure por completo aquele bioma. Quem bota o fogo não está nem aí se essa destruição será em frações de minutos, mas terá efeitos por muitos anos.”
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