Por karilayn.areias

Rio - Quando Estácio de Sá chegou por aqui, o Rio era recoberto por Mata Atlântica. Após 450 anos e um processo de urbanização desordenado, a cidade vai atrás do verde perdido e, para isso, conta com os cariocas. Entre as iniciativas, está o Mutirão de Reflorestamento, que já replantou mais de seis milhões de árvores nativas do bioma em vários locais, como por exemplo na encosta do Urubu e Babilônia, Zona Sul (fotos acima).

O projeto, que tem força em comunidades carentes, começou em 1996. Técnicos da Secretaria Municipal de Meio Ambiente atraem moradores, que se voluntariam para atuar no replantio das encostas. Segundo o secretário, Carlos Alberto Muniz, o trabalho evita a expansão das favelas e protege contra o risco de deslizamentos de terra. “As árvores retêm sedimentos no alto do morro e impedem que eles sejam carreados para baixo quando chove, salvando muitas vidas”, explica ele.

O Mutirão está presente em mais de 150 locais, como Morro da Formiga, na Tijuca, além do Vidigal e do Camarista Méier. Em alguns casos, a parceria com moradores foi além do replantio. “Criamos um pequeno pomar que atende toda a comunidade da Tijuca”, diz o secretário.

As árvores atuam na reativação de nascentes e ajudam no combate às enchentes. “O projeto dos piscinões na região da Bacia do Maracanã só é sustentável com o complemento dos mutirões na Formiga, no Borel e no Salgueiro”, conta o secretário.

O retorno das árvores — todas nativas de Mata Atlântica oriundas dos viveiros da secretaria — também faz pássaros e outras aves retornarem. E a presença da fauna realimenta o reflorestamento. “Os animais carregam as sementes para outros lugares onde novas árvores vão surgir”, aponta. A longo prazo, o aquecimento global também será combatido. “Vegetação é o principal fator capaz de reter o efeito estufa”.

Voluntários, segredo do sucesso

O projeto já arregimentou 800 voluntários em comunidades de todas as regiões do Rio. Os moradores interessados recebem treinamento de profissionais da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e aulas de educação ambiental antes de começarem a trabalhar.

O objetivo é fazer com que tenham cada vez maior autonomia para atuar no replantio. “A secretaria define as áreas de ação, mas são os moradores que, sabendo da importância do reflorestamento, atuam na manutenção das mudas e passam a tomar esse trabalho como uma defesa da preservação da comunidade”, afirma Muniz.

Outro programa, o Guardiões dos Rios, também conta com 196 voluntários em 24 comunidades. Muitas vezes, a manutenção adequada dos cursos d’água não é possível, pois os equipamentos não conseguem chegar a leitos dos rios. Aí é que entra a mão de obra local, em pontos como Rocinha, Rio das Pedras e Complexo do Alemão, o que evita enchentes, mau cheiro e a infestação de ratos e insetos.

*Com reportagem de Pedro Muxfeldt

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