Dona Marilda remanescente e liderança do Quilombo Santa Rita no BracuíDivulgação
Angra dos Reis - O quilombo do Bracuí, em Angra dos Reis na costa verde, recebeu ontem(16), a visita do representante do Consulado - Geral dos Estados Unidos, no Rio de Janeiro, Ryan Rowlands. O objetivo da visita foi ver de perto em que pé estão as pesquisas e avanços sobre a reconstrução do sítio arqueológico, e a história do navio negreiro " Brigue Camargo", que afundou na baía de Angra com 500 escravos no século XIX. Esse é um dos 34 projetos financiados pelo Fundo dos Embaixadores dos Estados Unidos para Preservação Cultural, no mundo.
Essa é uma parte da história da escravidão no Brasil naufragada no mar de Angra no século XIX. Os investimentos chegam a US$ 295 mil ( cerca de R$ 1,7 milhão) para ações de conservação dos destroços do navio negreiro que carregava cerca de 500 escravos e foi propositalmente afundado para não deixar vestígios. A carcaça se encontra no fundo do mar na enseada do Bracuí, onde famílias de remanescentes residem, em Angra dos Reis, na costa verde.
Durante a visita Ryan Rowlands, explicou que esses recursos são do Fundo dos Embaixadores dos Estados Unidos para Preservação Cultural, que foi criado pelo departamento americano em 2001 para apoiar financeiramente iniciativas de preservação do patrimônio cultural global.
O fundo selecionou 34 projetos ao redor do mundo, apenas um beneficiado no Brasil, em Angra dos Reis, no sul do estado. Os investimentos terão vigência de três anos para que sejam desenvolvidas atividades de arqueologia subaquática, com mapeamento de todo o sítio arqueológico, identificação, estudo, análise históricas e preservação de toda estrutura e artefatos que forem encontrados. O projeto abrange ainda proteger a memória da comunidade quilombola da Santa Rita do Bracuí que guarda uma rica e trágica história, onde 500 escravos morreram após o navio Camargo afundar.
- Localizamos o navio em dezembro do ano passado e estamos em processo de pesquisa de sítio. É muito difícil trabalhar embaixo dágua, principalmente com fundo lamoso, onde ele está. O momento é de entender mais sobre os elementos desse naufrágio e a relação com a complexa rede do tráfico clandestino de pessoas que ocorreu no litoral do Rio - explicou o arqueólogo Luís Felipe Santos.
Para o trabalho de pesquisa foi criada uma base no quilombo de Santa Rita e contratados membros da comunidade. Esse grupo será treinado dentro das técnicas de arqueologia, mergulho submarino, documentação e produção audiovisual, para que tenha a percepção de transformar o trabalho em recursos sustentáveis para as dezenas de famílias. O líder quilombola, Emerson Mec (39), disse "que a comunidade sempre manteve viva na memória a história do Camargo e hoje ser inserida como protagonista nessa descoberta é maravilhoso. Somos descendentes da escravidão indo atrás dessa reparação".
Descoberta do navio "Brigue Camargo"
Segundo a história o navio foi roubado nos Estados Unidos, em 1851, pelo capitão Nathaniel Gordon, que navegou até Moçambique, de onde trouxe cerca de 500 africanos escravizados para o porto clandestino do Bracuí, em Angra dos Reis, em 1852.
Dois anos antes do naufrágio, a Lei Eusébio de Queirós foi aprovada no Brasil e determinou o fim do tráfico, proibindo a circulação de navios negreiros. Sua aprovação foi influenciada pela pressão internacional, sobretudo da Inglaterra.
O navegador estava sendo perseguido pela polícia e fez com que a embarcação afundasse propositalmente para não deixar vestígios. Historiadores contam que Nathaniel chegou a utilizar roupas femininas como disfarce para fugir do país.
O norte-americano continuou foragido por 10 anos, mas foi condenado à morte por enforcamento nos EUA pelos crimes cometidos.
Dois anos antes do naufrágio, a Lei Eusébio de Queirós foi aprovada no Brasil e determinou o fim do tráfico, proibindo a circulação de navios negreiros. Sua aprovação foi influenciada pela pressão internacional, sobretudo da Inglaterra.
O navegador estava sendo perseguido pela polícia e fez com que a embarcação afundasse propositalmente para não deixar vestígios. Historiadores contam que Nathaniel chegou a utilizar roupas femininas como disfarce para fugir do país.
O norte-americano continuou foragido por 10 anos, mas foi condenado à morte por enforcamento nos EUA pelos crimes cometidos.
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