Avaliação: C3 Feel Pack 1.6 entrega desempenho e visual, mas falta algo

Rio - O Citroën C3 foi lançado no Brasil em agosto do ano passado para recolocar a marca francesa no mercado de entrada. Desde a despedida da geração anterior, a marca só oferecia o SUV C4 Cactus que atende a um público diferente, então o modelo chegou para preencher esse espaço. E como preenche.

Em um cenário com apenas subcompactos já na faixa dos R$ 60 mil, alguns beirando os R$ 70, o hatch é um alívio para o motorista que pretende comprar um carro-zero quilômetro, mas não quer ficar no aperto.

Durante uma semana, nós tivemos a oportunidade de rodar com a versão Feel Pack com motor 1.6 e câmbio automático do modelo e comprovamos que o modelo manda bem nesse quesito. Na letra fria, as medidas da cabine fazem o motorista achar que vai faltar espaço, mas a sensação a bordo é completamente outra. 

Bom espaço interno

Mesmo com pouco lastro, a Citroën conseguiu fazer os 3,98 metros de comprimento, 1,73 metro de largura e 2,54 metros de entre-eixos, serem o suficientes para levar quatro pessoas com certo conforto. Em alguns casos, até para cinco pessoas o modelo funciona. Algo impensável para os rivais de segmentos menores.

O porta-malas de 315 litros, aliás, coloca o C3 no topo da categoria - Chevrolet Onix, Fiat Argo, Hyundai HB20 e Peugeot 208 tem entre 265 e 300 litros. O compartimento não tem acesso plano, mas também não é de difícil acesso e tem boa abertura. 

Para além do tamanho, a sensação a bordo é de se estar em um carro bem construído e com acabamento de bom gosto que, convenhamos, é o que se espera ao pagar mais de R$ 60 mil num carro zero quilômetro. Mesmo sabendo que o mercado atual pede investimento alto.

Plástico aqui e ali

Apesar do visual, não tem milagre quanto ao uso de plástico. A maior parte das superfícies usa o material. Para compensar, há uma boa variação de texturas e até de tons, como na versão avaliada que tem detalhes em azul no painel e cromado aqui e ali.

Os bancos também agradam pelo conforto, além de ter bom acabamento que mescla tecido e couro. O apoio para as pernas e costas também é bacana. A posição de direção é alta, o que facilita na condução urbana e deve atender a uma variedade maior de motoristas. Desde os mais baixos, até os altos.

A tecnologia embarcada no C3 também é justa. Na versão avaliada, a Feel Pack 1.6, o hatch tem como diferenciais as rodas de liga 15" diamantadas, o câmbio automático de seis marchas com modo econômico, sensor de estacionamento traseiro e a câmera de ré.

Multimídia é 10

A lista tem também a central multimídia 10,2" com espelhamento sem fio via Android Auto e Apple Car Play. O equipamento tem boa visualização e roda sem travamentos, mesmo quando conectado a mais de um aparelho. A velocidade de pareamento com aparelho, sem que você precise conectar e desconectar vez ou outra, também é um ponto positivo.

O painel de instrumentos "digital" do modelo é bem simples. Simples até demais para dizer a verdade, sem velocímetro e conta-giros. O volante de base reta tem boa pegada e só ajusta ne altura. Aqui um ajuste de profundidade cairia bem e ajudaria na hora de encontrar uma posição para dirigir.

Outro ponto fraco é a questão dos acionadores do vidro elétrico das portas traseiras. Assim como era na primeira geração do C3, o comando está no console e não no painel de portas. A fileira traseira, ao menos, tem duas portas USB padrão para recarga de celular.

Ao volante

Ao volante, a versão Feel Pack 1.6 automática entrega um desempenho surpreendente. Graças aos 120 cv do motor aspirado, o modelo vai bem em situações de saídas de semáforos, ultrapassagens e retomadas. Não é um esportivo, mas responde bem aos estímulos do acelerador.

Parte desse trabalho, vem da boa relação com o câmbio automático de seis marchas. A transmissão acerta em quase todas as situações, sem deixar faltar potência.

O rodar é suave e macio graças a suspensão focada no conforto. A sensação dentro da cidade é boa, uma vez que a buraqueira das nossas ruas não ajuda, mas em velocidade parece anestesiada.

O modelo ainda alia bom desempenho com eficiência. Em trajeto misto de mais de 300 km, com trechos rodoviários e dentro da cidade, o modelo fez média de 12,3 km/l na gasolina. Vale destacar que usamos o ar-condicionado em boa parte do teste.

Veredito

Diante de tantos pontos positivos, um senão desse carro, sem dúvida, é a lista simples de itens de segurança. Mesmo na versão avaliada, que é topo de gama, o modelo só tem dois airbags, controles de tração, estabilidade, assistente de partida em rampa e isofix.

No fim, apesar das falha, as versões mais baratas do C3 são ótima opção para quem busca um modelo de entrada com maior espaço interno, boa mecânica e conforto. Já a versão Feel Pack 1.6, poderia entregar mais pelos R$ 97.790 que cobra.

FICHA TÉCNICA:

Modelo: Citroën C3 Feel Pack 1.6 AT

Motorização: quatro cilindros, 1.6, aspirado, flex, 16V , família EC5, duplo comando de válvulas e injeção multiponto

Potência e torque: 120 cv (etanol) e 113 cv (gasolina) a 6.000 rpm / 15,7 kgf.m (etanol) e 15,4 kgf.m (gasolina) a 4.500 rpm

Velocidade Máxima (km/h) 180 180

Tempo 0-100 e velocidade máxima: 10,4 s/ 180 km/h

Consumo: 7,7 km/l (cidade) e 10,3 km/l (estrada) no etanol / 9,1 km/l (cidade) e 12,4 km/l (estrada) na gasolina

Câmbio: Automático de 6 marchas

Tração/direção: Dianteira/Elétrica

Suspensões: McPherson (dianteira)/Eixo de torção (traseira)

Dimensões: 1.586 m (altura), 1.733 m (largura), 3.981 m (comprimento), 2.540 m (entre-eixos), 315 l (porta-malas), 47 l (tanque) e 1.152 kg (peso seco).

*Dados da fabricante