Brasília - O presidente Michel Temer fez na tarde deste sábado um novo pronunciamento no Palácio do Planalto, onde anunciou que vai pedir hoje a suspensão do inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) que o investiga por integrar organização criminosa, obstruir a justiça e por corrupção passiva. Mais uma vez, ele voltou a contestar as acusações dos executivos da JBS feitas em delação e a autenticidade dos áudios feitos por Joesley Batista, levantando a hipótese de manipulação. Nas gravações, Temer apoia a continuidade de pagamentos para Eduardo Cunha, uma espécie de "cala a boca" para o deputado, que está preso. "Tem de manter isso, viu", disse o presidente na conversa com o empresário.
No discurso, ele voltou a atacar a legitimidade das delações dos empresários da JBS, além de colocar em dúvida a veracidade dos áudios gravados por Joesley. "A perícia constatou que houve edição no áudio de minha conversa com o Joesley Batista. Essa gravação clandestina foi manipulada e adulterada com objetivos nitidamente subterrâneos. Incluída no inquérito sem a devida e adequada verificação, levou muitas pessoas ao engano, induzido. E trouxe causou grave crise ao Brasil", acusou.
Temer disse que a suspensão deve durar até que seja confirmada a veracidade dos áudios feitos por Joesley Batista. O presidente disse que o empresário cometeu o "crime perfeito". "O autor do grampo está livre e solto, andando pelas ruas de Nova York. O Brasil que já tinha saído da mais grave crise econômica da sua história e agora vive dias de incerteza. Ele não passou nenhum dia na cadeia, não foi preso, não foi julgado, não foi punido. E pelo jeito não será."
De acordo com o investigado pelo STF, o empresário sabia o que a divulgação das delações provocariam reações no mercado financeiro. "Graças a essa gravação fraudulenta e manipulada, especulou contra a moeda nacional. A notícia foi vazada seguramente por gente ligada ao grupo empresarial que, antes de entregar a gravação, comprou um bilhão de dólares, porque sabia que isso provocaria o caos no câmbio. Por outro lado, sabendo que a divulgação da gravação reduziria o valor das suas ações de sua empresa, as vendeu antes da queda da bolsa. A Comissão de Valores Imobiliários (CVM) investiga o caso. A JBS lucrou milhões de dólares em menos de 24 horas.", falou.
Diretor da JBS entrega anotações sobre R$ 30 milhões para Temer
O diretor de relações Institucionais da holding J&F Ricardo Saud entregou no seu acordo de colaboração com a Procuradoria-geral da República uma série de planilhas e anotações relacionadas ao repasses das empresas do grupo para o presidente Michel Temer. Em um das anotações, Saud elenca cinco repasses atrelados a Temer que somam R$ 30 milhões.