Tanto a cloroquina quanto o ivermectina, citados no documento, são amplamente defendidos pelo presidente Jair Bolsonaro
Tanto a cloroquina quanto o ivermectina, citados no documento, são amplamente defendidos pelo presidente Jair BolsonaroReprodução/TV Brasil
Por iG
São Paulo - O programa de combate da malária no Brasil está descoberto e com risco de desabastecimento após Ministério da Saúde desviar de 2 milhões de doses de cloroquina para tratar Covid-19. É o que mostra uma reportagem da Folha de São Paulo.
Documentos obtidos pel jornal revelam que o ministério precisou, em caráter urgente, garantir mais 750 mil comprimidos de cloroquina, por meio de aditivo a uma parceria firmada com a Fiocruz. Em janeiro, a Fiocruz entregou a cloroquina adicional para não deixar o programa de malária sem a droga. O total é suficiente para quatro meses.
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De acordo com a Folha, em 9 de novembro, a Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde enviou um ofício à direção de Farmanguinhos, responsável pela produção de medicamentos e vacinas na Fiocruz, propondo um aditivo de mais 750 mil comprimidos até janeiro.
"Como é de conhecimento de Farmanguinhos, com o advento da pandemia pela Covid-19, esse medicamento passou a ser disponibilizado também para o tratamento dessa virose, o que elevou o seu consumo, especialmente no primeiro semestre. Com isso, o estoque atualmente disponível garante a cobertura do programa de malária apenas até meados de 2021", informou o ofício.
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Ainda segundo matéria da Folha, o documento citou que, com a pandemia, a cloroquina foi apontada pelo Ministério da Saúde como um dos medicamentos que constam do manual de orientações para o "manuseio medicamentoso precoce de pacientes com diagnóstico da Covid-19". "Houve aumento no consumo deste medicamento, pois o estoque existente passou a ser distribuído para o tratamento da Covid-19 e da malária no âmbito do SUS", informou a nota técnica.
A cloroquina não deve ser usada para prevenir a Covid-19 e não tem efeito significativo sobre pacientes já infectados pelo coronavírus, concluiu um painel de especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgado em fevereiro de 2021.
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O medicamento anti-inflamatório e antimalárico não deve ser usado na luta contra a pandemia e não é mais prioridade em pesquisas sobre possíveis tratamentos conta a covid-19, escreveram especialistas internacionais do Grupo de Desenvolvimento de Diretrizes da OMS em um artigo publicado no British Medical Journal.