Diretora-executiva da Precisa Medicamentos, Emanuela Medrades, depõe na CPI da CovidEdilson Rodrigues/Agência Senado

Brasília - CPI da Covid ouve, nesta quarta-feira, 14, a diretora da Precisa Medicamentos, Emanuela Medrades, acerca das negociações para aquisição da vacina indiana Covaxin. Durante inquirição, o relator Renan Calheiro (MDB-AL) questionou a depoente acerca do alto preço do imunizantes indiano; em resposta, Medrades afirmou que o preço é definido pela Barath Biontech e que ela teria trabalhado diretamente junto à companhia para tentar reduzir o preço. A oitiva acontece um dia depois da data prevista, após a depoente se recusar a responder questionamentos feitos pelos senadores.

Após questionamento de Calheiros acerca do posicionamento do Ministério da Saúde em relação ao preço da Covaxin, Medrades afirmou que a pasta teria “por diversas vezes” tentado negociar os custos. Em seguida, o relator também indagou o motivo para a dose do imunizante indiano ser 50% mais cara do que as outras adquiridas pelo ministério.

“Por que o preço da Covaxin é 50% mais alto do que o das outras vacinas adquiridas pelo Ministério da Saúde, como a Pfizer e a Coronavac”, inquiriu Renan. Confira:
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Em resposta, a depoente afirmou que a política de preços é de responsabilidade integral da Bharat Biontech, mas que ocorreram negociações e pedidos, inclusive do Ministério da Saúde, para tentar reduzir esses custos.
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“A política de precificação da Covaxin é 100% da Bharat Biontech. A Precisa não atua na precificação. O que nós fizemos, e o que estava ao nosso alcance, foi tentar o tempo todo reduzir esses custos”, respondeu Medrades.
Negociações com o ministério
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A CPI apura um suposto esquema de investigação no governo do presidente Jair Bolsonaro envolvendo a Covaxin. Uma das controvérsias é o preço do imunizante, que passou de US$ 10 para US$ 15 por dose após o Ministério da Saúde dar início às negociações.
De acordo com ela, a agilidade do Ministério da Saúde em fechar o contrato para a compra da vacina, em fevereiro, ocorreu porque a empresa aceitou todas as condições estabelecidas pela pasta.

A atuação da Precisa e o empenho de R$ 1,6 bilhão em nome da empresa brasileira, e não da companhia indiana, são apontados como fatos suspeitos na compra. Ao ser questionada sobre o contrato, a diretora argumentou que a legislação brasileira obriga empresas internacionais que não estão estabelecidas no País a ter um representante nacional.

Ela confirmou que o valor das doses estabelecidos foi de US$ 15, mas se negou a responder qual é a parcela da Precisa no recebimento. A diretora relatou que a negociação entre a Precisa e a Barath Biontech começou em junho de 2020.

No depoimento, a representante justificou o empenho de R$ 1,6 bilhão para o envio das primeiras doses, feito e nome da Precisa, e não do fabricante na Índia. "Isso é normal. As empresas que representam, geralmente, geralmente não, sempre o empenho é emitido para aqueles que estão representando", declarou. "O empenho é para a Precisa, mas o pagamento é lá fora "

Ela atribuiu para si a iniciativa de procurar o Ministério da Saúde para viabilizar a oferta de doses da Covaxin. A primeira reunião com a Secretaria de Vigilância em Saúde, afirmou, ocorreu no dia 3 de novembro de 2020. "Foi uma iniciativa, inclusive minha, a partir do momento que tínhamos uma vacina bastante potencial", declarou. O contrato foi assinado no dia 25 de fevereiro, totalizando 114 dias de negociação.
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Além de Emanuela Medrades, Francisco Maximiano, sócio proprietário da empresa Precisa Medicamentos, também está previsto para depor na CPI da Covid nesta quarta-feira.
*Com informações do Estadão
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