Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques, auditor do Tribunal de Contas da União (TCU), presta depoimento à CPI nesta terça-feira, 17 Jefferson Rudy/Agência Senado

Brasília - A CPI da Covid ouve nesta terça-feira, 17, o auditor do Tribunal de Contas da União (TCU), Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques. A oitiva visa esclarecer sobre um estudo feito pelo servidor e citado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), segundo o qual metade das mortes confirmadas no Brasil por covid-19 não teria ocorrido. Durante a inquirição do senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da comissão, questionou se o relatório citado pelo presidente havia sido falsificado e utilizado indevidamente por Bolsonaro. Alexandre, no entanto, disse que não poderia confirmar.

“Vossa senhoria confirma que o relatório elaborado por vossa excelência sobre notificação de mortes por covid-19 no Brasil foi falsificado e utilizado indevidamente pelo presidente da República?”, questionou Calheiros. Confira:
Em resposta, Alexandre disse que não poderia confirmar que o relatório utilizado por Bolsonaro foi, de fato, falsificado por ele. “Circulou nas redes sociais, no WhatsApp, uma versão em PDF desse arquivo e com a inscrição Tribunal de Contas da União no Cabeçalho”, disse. 
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Ele também negou que a alteração tenha sido feita pelo pai e disse não saber sobre a origem da adulteração. "Isso realmente eu não tenho como responder, porque, a partir do momento em que o arquivo cai na mão de outras pessoas (...) hoje em dia a internet tudo viraliza, né? tudo é compartilhado rapidamente, então não tem como eu presumir a autoria de ninguém dessa alteração", declarou.
O depoente também foi questionado acerca da relação com o presidente e, apesar de negar proximidade com a família Bolsonaro, Alexandre Marques reconheceu que seu pai, Ricardo Silva Marques, foi colega de Jair Bolsonaro na Academia Militar das Agulhas Negras e que trabalharam juntos no Exército.

Segundo o auditor, seu pai trabalha hoje na Petrobras e explicou ainda que foi indicado para a diretoria do BNDES em 2019, mas o TCU não autorizou sua cessão.
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Alexandre contou ainda que mostrou o estudo para o pai no dia 6 de junho e que isso seria parte de uma rotina de proximidade entre os dois. "Meu pai sempre foi confidente meu, sempre tive uma relação muito boa com ele". Em seguida, Calheiros questionou como o pai teria repassado o estudo ao presidente e, em resposta, Alexandre afirmou que ele teria apenas feito o encaminhamento do arquivo.
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"O que meu pai me falou ao longo da semana seguinte foi que ele repassou esse arquivo em Word ao presidente da República", disse.
Circulação do documento
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Após questionamento de Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Humberto Costa (PT-PE), Alexandre Marques afirmou que o documento elaborado por ele foi compartilhado virtualmente com o grupo de trabalho do TCU no dia 31 de maio.
Marques, que no depoimento classificou seu documento como inconclusivo, também disse que a data de envio do arquivo para o pai (responsável por compartilhar o estudo com Bolsonaro) foi dia 6 de junho. Omar Aziz (PSD-AM) observou a rapidez em que o rascunho foi alterado e citado pelo presidente já no dia 7 de junho, durante entrevista pela manhã.

"Nós não estamos falando de dez dias, não, pessoal! Nós estamos falando do dia 6 para o dia 7! Passa imediatamente para o presidente, que, no dia 7 de manhã, já está dando uma entrevista sobre isso", criticou.

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*Com informações do Estadão Conteúdo