"Tomar vacina para quê? Para ter anticorpos. A minha taxa de anticorpos está lá em cima", disse o presidenteReprodução

Em mais uma live semanal, nesta quinta-feira, 17, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) comentou a nota técnica do Ministério da Saúde em relação à vacinação de adolescentes de 12 a 17 anos. Na transmissão, também estava presente o ministro Marcelo Queiroga que, durante sua fala, afirmou que a decisão havia sido conversada com o presidente. Segundo o chefe da Saúde, Bolsonaro comunicou a ele sua opinião favorável à suspensão da imunização desse público.

"O que o ministério da Saúde fez? Na nota técnica 40 da Secovid, retirou os adolescentes sem comorbidades. O senhor tem conversado comigo sobre esse tema e nós fizemos uma revisão detalhada no banco de dados do DataSUS", comentou o ministro. "A minha conversa com o Queiroga não é uma imposição. Eu levo para ele o meu sentimento, o que eu leio, o que eu vejo, o que chega ao meu conhecimento", completou Bolsonaro.
O presidente destacou que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomenda a vacinação de adolescentes com Pfizer, mas que isso não seria uma obrigação. “A Anvisa aqui no Brasil é favorável à vacinação de todos os adolescentes com a Pfizer. É uma recomendação. Você é obrigado a cumprir a recomendação?”, perguntou o presidente. “Não”, respondeu Queiroz.

Reverberando a justificativa informada na nota publicada pelo Ministério da Saúde, Bolsonaro afirmou que não vacinar o público adolescente seria uma diretriz da Organização Mundial da Saúde. A afirmação, no entanto, não corresponde ao que diz a entidade. Segundo a OMS, "crianças e adolescentes são menos propensas a ter complicações por causa da doença" e, por isso, é "menos urgente" a vacinação desses grupos. Por isso, na verdade, a entidade apenas recomenda a priorização dos grupos mais vulneráveis.
Durante a live, Queiroga também criticou prefeitos e governadores em relação ao cronograma de vacinação. Segundo o ministro, a vacinação em adolescentes sem comorbidade só deveria ter sido iniciada no dia 15 de setembro, conforme determinava o Plano Nacional de Imunização (PNI). Além disso, segundo Queiroga, alguns locais do país têm utilizado outras vacinas que não a Pfizer em adolescentes.

"É nisso que se transformou o Brasil quando se deu amplos poderes para governadores e prefeitos gerir essa questão. Se fosse por parte do governo federal, apenas teríamos uma determinação e estaria tudo resolvido. Se tivermos efeitos colaterais graves, quero saber quem vai se responsabilizar. Nós aqui estamos fazendo a coisa certa", ponderou Bolsonaro.

Queiroga também pediu aos secretários municipais de Saúde para que sigam o PNI. “Depois não reclamem de falta de dose, porque não falta", disse o ministro.

"Mães, não deixem seus filhos sem comorbidades se vacinarem porque ainda são necessárias mais evidências para consolidar essa indicação", disse.
A Anvisa, contudo, emitiu nota na noite desta quinta-feira ratificando a liberação de uso da Pfizer em adolescentes e reforçou a existência de dados de segurança e eficácia.