Operadora de saúde Prevent SeniorDivulgação

Brasília - Na CPI da Covid, os senadores acusaram a Prevent Senior de fraudar prontuários. Mais cedo, o diretor-executivo da operadora de saúde, Pedro Benedito Batista Júnior, afirmou que foram médicos que acessaram o sistema e manipularam as informações.
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Os senadores classificaram como fraude a orientação veiculada na Prevent Senior de que todos os pacientes com suspeita ou confirmação de covid-19 recebessem, nos prontuários, a CID B34.2, “para que estes possam ser adequadamente contabilizados independentemente do status de exame ou unidade”.

A orientação dizia ainda que após 14 dias do início dos sintomas (pacientes de enfermaria/apartamento) ou 21 dias (pacientes com passagem em UTI/leito híbrido), a CID — classificação internacional de doença—deveria ser modificado para qualquer outro, de forma a identificar os pacientes que já não tinham mais
necessidade de isolamento.

"O senhor [Batista Júnior] não tem condições de ser médico, modificar o código de uma doença é crime", afirmou o senador Otto Alencar (PSD-BA).

"Essas pessoas morreram em consequência da covid-19. Isso é uma fraude", disse o senador Humberto Costa (PT-PE), explicando que o objetivo da mudança da CID era dizer que os pacientes já não tinham covid-19", disse.

Durante o depoimento, o diretor-executivo afirmou que nenhum médico foi constrangido por não prescrever “tratamento precoce”. "Médicos foram excluídos da empresa por falhas graves éticas e morais, como invasão de prontuários e tratamento inadequado de pacientes — justificou o diretor-executivo da Prevent Senior", afirmou Pedro Benedito.

Entretanto, senadores afirmaram que Pedro Benedito mentiu ao dizer que médicos ligados à Prevent Senior não receitaram tratamento precoce sem diagnóstico adequado.

Rogério Carvalho (PT-SE) relatou que teve acesso a receitas que comprovam a mentira. Em resposta a Omar Aziz (PSD-AM), o diretor da operadora afirmou que a Prevent tratou cerca de 18 mil pacientes com covid-19, mas disse não saber informar o número de mortes, o que gerou críticas de senadores: "Tinha que ter. Está com graça aqui na CPI", criticou o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM).
 
Questionado sobre a suposta "política da obediência e lealdade” na Prevent Senior, Pedro Batista Júnior afirmou que essa mensagem é de 2017 e fazia parte de uma sigla utilizada por Anderson Nascimento, ex-diretor da empresa. Segundo ele, Anderson agora é diretor da operadora de planos de saúde Hapvida.

Estudo da cloroquina

Pedro Batista Jr. negou que um estudo elaborado pela Prevent Senior sobre o uso de cloroquina por pacientes com covid-19 tenha sido revisado para corrigir “inconsistências”. No entanto, Renan Calheiros (MDB-AL) reproduziu um áudio em que um diretor da empresa, o cardiologista Rodrigo Esper, determina a revisão dos dados.

O áudio foi gravado depois que o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), citou o estudo da Prevent Senior em uma rede social. Segundo o presidente da República, nenhum dos 412 pacientes da empresa que tomaram cloroquina morreu por covid-19. No áudio, Rodrigo Esper faz referência à postagem de Bolsonaro e diz que é necessário “ajustar os parafusos”.

*Com informações da Agência Senado