Area desmatada na floresta amazônica LULA SAMPAIO / AFP

Centenas de empresas brasileiras e grupos ambientalistas instaram o presidente Joe Biden a cumprir as promessas climáticas dos Estados Unidos antes de um debate do Congresso em Washington sobre um um fundo de nove bilhões de dólares para combater o desmatamento.
O chamado projeto de lei AMAZON21, que destinaria recursos para os países em desenvolvimento protegerem suas florestas, "representaria um sinal importante do compromisso do presidente Joe Biden e do Congresso norte-americano com o combate às mudanças climáticas, mirando uma das principais fontes de emissão de gases de efeito estufa", afirma uma carta a Biden e líderes do Congresso.
A Comissão de Relações Exteriores da Câmara de Representantes dos EUA analisará na quinta o projeto apresentado pelos democratas. Em novembro, durante a conferência climática da Organização das Nações Unidas (ONU) em Glasgow, Biden prometeu liberar este valor para financiar projetos contra o desmatamento.
O Brasil, que abriga cerca de 60% da floresta amazônica, é um dos principais atores na luta para conter o avanço do desmatamento em todo o mundo, que acelera o aquecimento global ao converter seu potencial de absorção de carbono em fontes de emissão.
A carta, concluída na terça-feira, 10, destaca estudos recentes que revelam que mais de três quartos da Amazônia estão perdendo sua resistência desde o começo deste século e que a maior floresta tropical do mundo se aproxima de um "ponto de inflexão".
O documento leva a assinatura de uma lista de 23 coalizões que representam mais de 300 empresas e organizações, incluindo algumas acusadas de financiar o desmatamento como a principal exportadora de carne bovina JBS e a exportadora de soja Cargill, entre outras. Também estão na lista grupos ambientais e de defesa dos direitos indígenas.
O governo brasileiro argumenta há tempos que os países ricos deveriam liberar financiamentos para que os países em desenvolvimento protejam suas florestas e compensem uma perda de sua renda por não explorar a terra.
A carta é dirigida a Biden, ao secretário de Estado, Antony Blinken, à presidente da Câmara de Representantes, Nancy Pelosi, e a outros altos funcionários do Congresso.
Para que seja efetivo, adverte o texto, o projeto de lei necessita estabelecer um "sistema de financiamento simples e transparente".
Também deve estabelecer "regras claras" para financiar projetos que envolvam o governo, o setor privado, universidades e organizações, destinar recursos em função dos resultados, e priorizar fundos para os povos indígenas e outros que vivem das florestas e as protegem.