Luciano Hang, dono da HavanIG - Economia
Luciano Hang nega apoio a atos golpistas em Brasília e defende punição aos culpados
Empresário bolsonarista diz que 'democracia é ter eleições para escolher representantes do povo'
O empresário bolsonarista Luciano Hang, investigado por suspeita de financiar atos golpistas em outras ocasiões, manifestou-se nesta terça-feira, 10, sobre as invasões e depredações no Congresso Nacional, Palácio do Planalto e na sede do Supremo Tribunal Federal (STF) no último domingo, 8, em Brasília. O empresário diz não ter patrocinado o vandalismo e defendeu identificação e a punição dos culpados. "Não doei, não participei e não incentivei nenhum tipo de ato contra a democracia, tampouco contra prédios públicos", afirmou em nota.
Dono de uma fortuna estimada em US$ 4,8 bilhões, Hang é um dos principais apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Desde 2018 o empresário esteve ao lado de Bolsonaro em diversas fotos e reuniões, além de financiar parte da campanha à reeleição em 2022.
Em nota e vídeo divulgado a imprensa, o empresário declarou que que "democracia é ter eleições para escolher representantes do povo e, quem vencer, deve ter o direito de administrar daqui pra frente". Em outro trecho, Hang destaca que jamais apoiou atos de violência ou vandalismo e que também não incentivou e financiou os atos terroristas na capital federal.
"Repudio tudo o que foi feito no domingo, até mesmo porque o que aconteceu vai contra tudo o que eu luto. Não podemos aceitar o que foi feito, é preciso que os culpados sejam identificados e punidos dentro da lei", afirmou. No vídeo ele acrescenta: "Agora temos um presidente novo, governo novo, vamos torcer para que faça uma ótima viagem, pois eu estou dentro do avião (se referindo ao país). (...) Vamos acabar com o discurso de ódio".
Na nota desta terça, Hang confirmou que fez doações para a campanha eleitoral de Bolsonaro, mas ponderou que o apoio foi prestado até o dia da eleição. "Durante a campanha eleitoral, fiz doações ao candidato que eu mais me identificava em termos de propostas e de luta por um país melhor. (...) Como falei durante esta última campanha, meu apoio político iria até o dia da eleição, depois respeitaria o resultado das urnas, e assim voltaria a cuidar da minha empresa", explicou. "O meu desejo hoje é que possamos ter um país de paz, harmonia, desenvolvimento e muitos empregos", acrescentou.
Em agosto, o empresário foi apontado como um dos financiadores dos atos de 7 de setembro ocorridos em 2021 após o vazamento de mensagens em um grupo de Telegram intitulado "patriotas", que reunia empresários apoiadores de Jair Bolsonaro e também insinuava um golpe de Estado caso Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fosse eleito.
Após o segundo turno das eleições, o empresário se viu em uma nova saia justa diante das manifestações em estradas e rodovias de todo o Brasil com a derrota de Bolsonaro nas urnas, no dia 30 de outubro. Embora ele alegasse não estar envolvido, parte das paralisações e protestos ocorreu em frente as suas lojas, com direito a churrasco e cerveja para os manifestantes. Um relatório feito pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) apontava que caminhões a serviço da Havan foram enviados para os bloqueios.
O movimento de Hang de se afastar do bolsonarismo para tentar não ser vinculado aos atos começou na sexta-feira, 6, antes do ataque a Praça dos Três Poderes. Em comunicado, ele chegou a desejar que o novo governo faça uma "ótima administração" e disse que "torce pelo piloto", como fez no vídeo de hoje, sem citar diretamente Lula.
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