Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair BolsonaroGeraldo Magela / Agência Senado
As informações constam em um documento da investigação obtido pelo blog da jornalista Andréia Sadi, no portal G1. A existência da minuta foi revelada à PF pelo tenente-coronel, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro ao longo de todo o mandato, em delação premiada homologada pelo STF.
A partir dessas informações, além de dados descobertos no celular de Mauro Cid, a PF afirma que Bolsonaro sabia da existência da minuta, pediu e fez ajustes no teor dela e a apresentou a militares também investigados por tentativa de golpe de Estado para manter o agora ex-presidente ilegalmente no poder.
Segundo a PF, a cronologia foi a seguinte a minuta foi apresentada ao ex-presidente, no Alvorada, no dia 19 de novembro de 2022, cerca de 20 dias após o 2º turno da eleição que deu vitória a Lula (PT) Bolsonaro recebeu o assessor da presidência para assuntos internacionais, Filipe Martins, o advogado Amauri Saad e o padre José Eduardo de Oliveira e Silva.
No mesmo dia, Bolsonaro pediu uma reunião para apresentar a minuta do decreto ao general Freire Gomes, comandante do Exército, ao almirante Garnier Santos, comandante da Marinha, e ao ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira.
A PF, agora, considera prioridade ouvir o general Freire Gomes para confirmar a cronologia da minuta golpista.
Os advogados afirmaram que o documento com o plano golpista encontrado no gabinete de Bolsonaro havia sido impresso para que ele "pudesse tomar conhecimento" de materiais mencionados na investigação da PF.
"O ex-presidente — desconhecendo o conteúdo de tais minutas — solicitou ao seu advogado criminalista, Dr. Paulo Amador da Cunha Bueno, que as encaminhasse em seu aplicativo de mensagens, para que pudesse tomar conhecimento do material dos referidos arquivos".
"A impressão provavelmente permaneceu no local da diligência de busca e apreensão ocorrida na data de hoje, que alcançou inclusive o gabinete do ex-presidente, razão porque lá foi apreendido", acrescentaram.
Em nota, a defesa também criticou a medida, determinada por Alexandre de Moraes, que apreendeu o passaporte do ex-presidente. Segundo eles, a determinação foi "absolutamente desnecessária".
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