O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS) denunciou nesta quinta-feira (5) o influenciador digital Dilson Alves da Silva Neto, conhecido como Nego Di, por diversos crimes, incluindo estelionato, lavagem de dinheiro, uso de documento falso e a contravenção penal de promoção de loteria. O humorista foi preso em julho deste ano, em Santa Catarina.
A investigação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Rio Grande do Sul (GAECO/MPRS) revelou que Nego Di promoveu rifas digitais sem autorização legal, entre novembro de 2022 e maio de 2024, em suas redes sociais. Segundo o Ministério Público, o influenciador obteve cerca de R$ 2,5 milhões a partir de mais de 300 mil transferências bancárias relacionadas a essas rifas, que ofereciam prêmios em dinheiro e bens.
O promotor de Justiça Flávio Duarte, responsável pela denúncia, destacou que a prática configurou promoção ilegal de loteria. Ele também explicou que, após análise dos materiais apreendidos na Operação Rifa$, como documentos, mídias sociais, celulares, entre outros, foi possível ter uma dimensão exata das infrações penais e dos valores obtidos pelo influenciador e a esposa, Gabriela Sousa.
O influenciador também foi denunciado por estelionato. Conforme a acusação, a partir de dezembro de 2023, Di promoveu, de forma fraudulenta, uma rifa de um Porsche Macan e R$ 150 mil em dinheiro, utilizando vídeos e outras táticas para induzir vítimas ao erro.
No entanto, antes de concluir a rifa, ele teria transferido o veículo que seria o prêmio principal para terceiros e comprado o próprio número sorteado. Em um vídeo posterior, anunciou um vencedor fictício para encobrir o esquema.
O influenciador também foi acusado ainda de uso de documento falso. Em maio deste ano, ele teria publicado um comprovante de transferência bancária no valor de R$ 1 milhão, que na verdade era de apenas R$ 100, em uma campanha para ajudar vítimas de enchentes no Rio Grande do Sul.
Relembre o caso
Nego Di foi preso pela Polícia Civil em Florianópolis, no último domingo (14), por suspeita de estelionato. Ele e seu sócio, Anderson Bonetti, são acusados de lesar pelo menos 370 pessoas por meio de uma loja virtual, "Tadizuera", que operou entre março e julho de 2022. A loja vendia produtos como televisores e aparelhos de ar-condicionado, mas os clientes nunca receberam as mercadorias. A movimentação financeira nas contas ligadas ao influenciador teria superado R$ 5 milhões, segundo a investigação.
Revogação de prisão negada
O influenciador teve dois pedidos de revogação da prisão negados. O mais recente foi no última dia 30 de julho. A defesa do influenciador contestou as acusações e lamentou a decisão judicial que negou o pedido de revogação de sua prisão preventiva. Em nota, a defesa afirmou que não há fundamentos jurídicos para a manutenção da prisão e criticou o que chamou de "espetacularização" do caso e os vazamentos de informações em segredo de justiça.
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