A investigação do Ministério Público (MPRJ) indica que o esquema de rachadinha praticado por pai e filho teve início em 2017, logo quando Silas Bento tomou posse na Alerj. Letycia Rocha (RC24h)

O vereador e secretário de Obras de Cabo Frio, Vanderson Bento, e o pai dele, o ex-deputado estadual Silas Bentos, foram condenados pelo esquema de ‘rachadinha’ na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Os dois foram setenciados a 10 e 17 anos de prisão, respectivamente. Essa é a primeira sentença no estado que acontece pelo esquema que envolve funcionários-fantasma, devolução de parte do salário e desvio de dinheiro público.
A investigação do Ministério Público (MPRJ) indica que o esquema de rachadinha praticado por pai e filho teve início em 2017, logo quando Silas Bento tomou posse na Alerj.
Taíssa Saldanha, que mora em Cabo Frio, assumiu o cargo de assessora do parlamentar. Ela foi descoberta pelo MPRJ como funcionária-fantasma que sacava o salário e devolvia parte dele em depósitos na conta de Silas. O ex-deputado usava uma loja no centro da cidade para lavar o dinheiro do esquema.
A mulher confessou que nunca apareceu para trabalhar e que o acordo era devolver para o então deputado até 90% do salário de R$ 10 mil. Taíssa fez um acordo com o Ministério Público e escapou da condenação.
Em sentença, a Justiça afirma que o prejuízo aos cofres públicos é de R$ 250 mil e as declarações das testemunhas apontam “uma única direção: a prática da rachadinha”.
Silas Bento foi condenado a 17 anos de prisão por peculato, associação criminosa, extorsão e lavagem de dinheiro. Ele já havia sido preso em outubro de 2020, mas responde ao processo em liberdade.
Já Vanderson Bento foi condenado a dez anos de cadeia. Conforme a denúncia, ele era o responsável por cobrar da funcionária-fantasma a devolução da parte do salário. Ele também chegou a ser preso em 2020 e, mesmo assim, foi o quinto vereador mais votado em Cabo Frio. Atualmente, segue licenciado da Câmara e assume como secretário Municipal de Obras. A Justiça determinou a perda do mandato de vereador.
Em nota, a defesa de Vanderson e Silas Bento diz que “recebeu com surpresa a sentença condenatória. A sentença está baseada principalmente na versão do inquérito policial” e que “essa versão foi inteiramente desmentida pelos depoimentos tomados em juízo”. Ainda conforme os advogados dos Bento, haverá recurso.