Veterinário João Pedro Rangel Rede social
De acordo com João Pedro, a dupla saiu de Cabo Frio na terça-feira passada, dia 7, com um motorhome, onde ele e Thiago estão hospedados, puxando o Jet Ski e, três dias depois, na sexta (10), chegaram ao município de São Leopoldo, no RS, onde encontraram um cenário estarrecedor. Lá, conheceram um voluntário, motorista de aplicativo, chamado Medina, que os apresentou a um abrigo de animais.
Na cidade, João Pedro e Thiago, com o auxílio de Medina e um policial chamado Dinei, que também conheceram durante o percurso, realizaram diversos resgates em água, além de contribuir com doações e a realização de cuidados aos animais, como, por exemplo, aplicação de vacinas em cães e gatos. Além dos medicamentos que levou consigo, o voluntário criou um Pix para realizar compras para os animais, pois não tinha noção do que encontraria ao chegar no estado.
Nas redes sociais, João compartilhou algumas imagens dos resgates, falando sobre a sensação de ver toda a tragédia que está ocorrendo no estado gaúcho de perto.
“Infelizmente, não podemos abraçar o mundo, mas o quanto meus braços abrirem, eu estarei tentando acolher e ajudar. É uma tragédia que não existe explicação, é muita dor e sofrimento deparados aqui, muitas pessoas e animais não conseguiram se salvar e, navegando, você passa por esses corpos sem poder fazer nada, só virar o rosto e pedir piedade por aqueles que já se foram”, complementou João Pedro.
“Isso que vivo hoje é um ensinamento, uma lição de vida que jamais vou esquecer. E um dia, quando eu olhar para trás, vou conseguir enxergar o orgulho que tenho de mim mesmo por está aqui ajudando e salvando quem precisa, EU SOU MÉDICO VETERINÁRIO E VOU LUTAR POR AQUELES QUE JUREI CUIDAR E AMAR!”, concluiu em seu depoimento nas redes sociais.
“É difícil a gente conseguir lembrar todos (os animais que resgatamos). Teve um que eu resgatei em cima do telhado que foi bem marcante, porque ele estava bem agressivo, mas, na hora que ele viu que não estava aguentando mais, que estava quase caindo do telhado na água, ele mesmo veio pedir socorro. Teve alguns que nós fizemos junto com o Corpo de Bombeiros e a (ocorrência) que mais me marcou hoje (segunda-feira, 13) foi do senhor que o filho dele pediu ajuda para que a gente resgatasse ele, que tinham dez dias que ele não tinha notícia do pai, do senhor chamado Silvio, de 71 anos, no bairro Campinas, em São Leopoldo. Só que, quando a gente chegou, o senhor morava numa kitnet, a casa dele estava inundada, estava submersa, a gente foi até a casa, era a última de uma vila, quebramos a janela, a porta e, infelizmente, encontramos o corpo dele. Já estava… Já estava em óbito, né, ali dentro, trancado. O corpo estava em decomposição, bem inchado”, disse João.
No caso, o voluntário contou que ele e Thiago estavam descendo do Jet Ski quando um casal, o filho e a nora da vítima, os abordaram e conversaram sobre a situação de Silvio, explicando que ninguém tinha notícias do idoso, que vivia em uma localidade que ninguém tinha acesso. Eles passaram o endereço e pediram que a dupla fosse até o local averiguar.
Após encontrar o corpo de Silvio, João e Thiago acionaram os bombeiros, que conseguiram realizar a remoção da vítima.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.