Todos os dados estão na sexta edição do "Perspectivas do Gás no Rio", lançado terça-feira pela Firjan Foto Paula Johas-Firjan/DivulgaçãoFoto Paula Johas-Firjan/Divulgação

Campos - Além do recorde na produção nacional no ano passado, comparado a 2022, o Estado no Rio de Janeiro reforça a sua liderança na produção de gás, atingindo a marca recorde de 72% de toda a produção bruta do país e, também, recorde com 51% da produção disponível. A constatação está na sexta edição do “Perspectivas do Gás no Rio”, lançada pela Federação da Indústria do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) na última terça-feira (30).
O estudo aponta que, entre janeiro e outubro de 2023, a produção bruta de gás no Brasil atingiu 145 milímetros cúbicos diários (mm³/dia), correspondendo a um crescimento de 5% frente à média de 2022 (138 mm³/dia). A Firjan explica que o levantamento apresenta ainda a atualização do mercado fluminense com dados comparativos com o Brasil, além de trazer análises de diferentes visões de empresas que atuam no mercado.
Na avaliação do vice-presidente da Firjan, Luiz Césio Caetano, o gás natural é muito rico no estado do Rio e pode ser mais valoroso ainda para a sociedade fluminense e para o país: “Mas, o preço ainda continua caro para a indústria; é necessário baixar o preço para valorizar ao máximo os recursos do produto, pois é o energético de baixa emissão de carbono e perfeito para esse momento da transição energética, até que os demais energéticos se viabilizem, como o hidrogênio verde e as eólicas offshore”.
O diretor de indicadores econômicos e sociais da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Campos dos Goytacazes (RJ), economista Ranulfo Vidigal, acredita que a oferta de gás natural vai contribuir para o norte fluminense diversificar sua estrutura produtiva e promover um ciclo virtuoso de incremento da renda e do emprego.
“Em Macaé, por exemplo, 36 mil empregos formais se vinculam a extração de óleo e gás; em São João da Barra, o Porto do Açu já abriga um parque termelétrico operando 1,3 Gigawatt (GW) de potência”, pontua o economista comparando que, dos 15 mil empregos existentes em São João da Barra, dois mil, na indústria, quatro mil na expansão das plantas industriais e três mil em serviços diversos são diretamente ligados ao porto.
REINJEÇÃO - Os dados expostos pela Firjan mostram que, apesar dos números positivos de produção bruta, a reinjeção também se destaca: “Essa operação nas plataformas segue crescendo, alcançando a ordem de 75 mm³/dia, volume equivalente a 122% de toda a demanda de gás do Brasil. Já a demanda de gás natural, devido à baixa competitividade em preço do energético, segue caminho contrário, com redução da demanda total em torno de 7% do país na mesma comparação de período (janeiro a outubro de 2023)”, resume.
Na sequência, a Firjan destaca que a demanda industrial apresentou queda de 5%; enquanto a demanda por GNV (Gás Natural Veicular) com queda de 13%, reflexo ainda da política do governo federal de redução do ICMS para os combustíveis líquidos no segundo semestre de 2022. “Nesse sentido, o estado do Rio também apresenta cenário semelhante ao país, com redução de aproximadamente 5% na demanda por gás natural no ano passado”.
“A Bacia de Campos ainda terá grande importância para a região norte fluminense, apesar da queda relativa de participação”, admite Vidigal que comenta sobre quedas nos valores dos royalties e da participação especial no momento em que se registra alta na produção: “A contradição entre produção petrolífera e repasse de recursos de indenização se deve pela forte oscilação do preço internacional do petróleo Brent e pela valorização recente do real frente ao dólar”.